Crítica - Mussum: O Filmis - Engenharia do Cinema
Vencedor dos principais prêmios no Festival de Gramado deste ano (incluindo filme e ator), ‘Mussum: o Filmis‘ realmente conseguiu cumprir o que prometia, se tratando de uma cinebiografia de uma das mais famosas personalidades da cultura brasileira: Mussum. Sambista e comediante, o carioca se tornou uma das principais referências humorísticas do país, principalmente depois de ser um dos quatro ‘Trapalhões’ (junto de Didi, Dedé e Zacarias).
Imagem: Downtown Filmes (Divulgação)
A história tem como foco a vida de Mussum, embasada na relação com sua mãe, Dona Malvina (interpretada por Cacau Protásio na fase adulta e, Neusa Borges quando idosa), desde a infância (Thawan Lucas), adolescência (Yuri Marçal) e adulta (Ailton Graça). Neste escopo, somos apresentados por suas passagens como sambista e humorista, desde os primórdios da TV Tupi, até se tornar um dos membros dos ‘Trapalhões’.
Imagem: Downtown Filmes (Divulgação)
O roteiro de Paulo Cursino tem um belo tratamento desde o primeiro segundo, pois é nítido o carinho e respeito que ele tinha pelo humorista. Apresentando de uma forma bem popular, com toques cartunescos, nos primeiros arcos é inevitável vermos a história de algum descendente da nossa família, que já passou por aquelas situações mostradas (de pessoas que saíram da extrema pobreza e conseguiram se estabelecer financeiramente).
Regado de muito samba e referências nostálgicas (uma vez que algumas esquetes do próprio Mussum, foram recriadas e o resultado ficou tão divertido como), o grande peso da trama se dá realmente nos momentos cruciais entre Mussum e sua mãe. Principalmente na leveza da retratação de algumas cenas como quando aquele ensina ela a ler e escrever (em uma ótima atuação de Cacau Protásio e Thawan Lucas), ou quando ele se via em decisões cruciais em algumas passagens de sua vida.
Outra coisa interessante, é a recriação do cineasta Silvio Guindane para a televisão brasileira, em seus primórdios. Desde a genialidade de Chico Anysio (interpretado aqui por Vanderlei Bernardino, e que ajudou a desenvolver a personalidade cômica de Mussum), o crescimento da TV Globo e como Renato Aragão (Gero Camilo) começou a criar ‘Os Trapalhões‘. A atmosfera de nostalgia não é só grande, como também não é apenas um fan-service barato.
O único grande pecado de Guindane, foi que ele não apresentou os anos de algumas situações apresentadas, deixando o público com um verdadeiro ponto de interrogação em determinados arcos (principalmente nas situações citadas no parágrafo antecessor).
Realmente, o destaque geral fica sendo para o próprio Ailton Graça (que vai decolar ainda mais na carreira, por conta deste papel) que não só é semelhante ao próprio Mussum, como ele recriou os trejeitos, personalidade e humor do próprio, de uma forma totalmente natural. Sim, ele vem merecendo os prêmios e reconhecimentos por onde tem passando no Brasil
‘Mussum: O Filmis‘ é uma grande carta de amor ao legado de um dos maiores nomes da cultura brasileira, pela qual jamais será esquecida.