Crítica - Maestro - Engenharia do Cinema
Sinônimo de qualidade musical se resume para muitos com a relação entre uma colher e uma taça. Para outros, pode até ser um pen drive com um disco arranhando. Para Leonard Bernstein, era imprescindível ter a presença de violinos, violas, violoncelos, contrabaixos, harpas e pianos. Responsável pela trilha sonora de clássicos longas como “Amor, Sublime Amor” (na versão de 1961) e “Sindicato dos Ladrões (com Marlon Brando, lançado em 1952), “Maestro” conta a história da vida pessoal e profissional de Bernstein, com base no seu casamento com Felicia Montealegre (interpretada por Carey Mulligan).
Originalmente sendo realizado por Steven Spielberg na função de diretor (que ficou como produtor, junto do próprio Martin Scorsese), ele acabou se abstendo do projeto em 2018 e passou para Bradley Cooper durante uma exibição teste de “Nasce Uma Estrela”, após ele ter presenciado o arco da icônica música “Shallow”. Também responsável pelo roteiro (junto de Josh Singer), produção e interpretação do próprio Leonard Bernstein, não hesito em dizer que essa não só é sua melhor atuação, como ele está caminhando para ser um dos maiores diretores da indústria cinematográfica.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Já adianto aos cinéfilos de plantão que esperam ver arcos de produções cinematográficas ou bastidores dos mesmos, vão se chatear. Estamos falando de um enredo que procura humanizar a imagem de Bernstein, e o quão ele vivia uma relação conturbada com a atriz chilena Felicia Montealegre, por conta de suas traições homo-afetivas durante o casamento.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Notamos o profissionalismo de Cooper em retratar esta história, pois ele não se preocupa em mostrar o quão eles estavam vivendo em um cenário complexo, chato e cada vez mais conturbado (seja pessoal ou profissionalmente). Centrado especificamente em principais períodos de sua união com Montealegre, o enredo acaba colocando o espectador vivenciando um casamento aparentemente perfeito, pelas quais suas constantes traições (sempre em momentos chaves) acabam transpondo tempestades em sua trajetória.
Carregado de uma maquiagem pesada (que não só o deixou similar com o próprio Leonard Bernstein, como este trabalho provavelmente será reconhecido com o Oscar na categoria), Bradley Cooper nitidamente estudou como era o veterano musicista, seus trejeitos e como funciona uma própria orquestra em si (de tamanha naturalidade ele apresentou). Por aqui, fica minha torcida para o seu reconhecimento no Oscar de atuação.
Sua cônjuge no filme, a atriz Carey Mulligan também merece este reconhecimento da Academia, uma vez que diante do cenário vivido por Montealegre, ela transparece totalmente a degradação dela, que vai aos poucos perdendo o ânimo e a luz que havia nos primeiros 20 minutos do filme. Seu último arco é realmente incrível.
Com relação a fotografia, Cooper opta por uma abordagem em preto e branco na primeira metragem, simplesmente para entrelaçar com o estilo de longas daquela época (início dos anos 40). Não pesa muito a diferença, só um fator interessante.
“Maestro” termina como uma prova que Bradley Cooper será realmente um dos grandes nomes do cinema nos próximos anos.