Crítica - Mamonas Assassinas: O Filme - Engenharia do Cinema
Sendo uma das mais famosas bandas do país, mesmo após seu trágico desfecho em 06 de março de 1996, os “Mamonas Assassinas” influenciaram uma geração e foram os principais nomes de um período onde tudo era possível na televisão e indústria do entretenimento, como um todo. Depois de ter a sua história levada para o teatro, o grupo finalmente ganhou seu primeiro longa-metragem.
Porém, em uma era onde a maioria das produções cinematográficas nacionais estão sendo projetadas para virarem minisséries (inclusive aqui, onde a própria Record TV já confirmou que ela irá chegar em 2024) e consequentemente, acabam gerando produtos medianos, este acaba facilmente entrando neste paradigma.
Imagem: Imagem Filmes (Divulgação)
A história tem início no começo dos anos 90, com Dinho (Ruy Brissac), Sergio (Rhener Freitas), Bento (Beto Hinoto), Samuel (Adriano Tunes) e Júlio (Robson Lima) começando de forma tímida com a banda de Rock, Utopia. À medida que o sucesso foi aumentando, e algumas decisões arriscadas foram tomadas, eles se transformaram nos “Mamonas Assassinas”.
Imagem: Imagem Filmes (Divulgação)
O principal problema deste projeto é o diretor Edson Spinello (que já dirigiu novelas como “Bela, a Feia“) e “Por Amor”) ter procurado fazer vários recortes, de forma porca (como o arco envolvendo a parte burocrática da gravação do primeiro disco, onde tudo é resolvido em menos de 40 segundos). Embora o roteiro de Carlos Lombardi (que escreveu novelas globais como “Pé na Jaca”), tenha mudado várias coisas para se encaixarem na “narrativa dramática”, nitidamente são exercidas várias situações vergonhosas, que beiram a canastrice.
Com diálogos piores que em simulações de programas sensacionalistas, agregados com atuações sem expressão alguma (com exceção de Ruy Brissac, que já viveu Dinho no teatro e foi a melhor coisa aqui), a única saída de Spinello para salvar a produção do caos absoluto, foi colocar as icônicas músicas da banda, em momentos estratégicos.
Por exemplo, sempre que havia uma situação tensa, ele cortava para alguma brecha que poderia entrar em alguma música da banda. Este fato pode ter causado a verdadeira divisão na opinião do público, pois enquanto uma parcela massiva vem notando estes erros, outra tem levado em conta a enorme nostalgia que tem transparecido nestas horas.
Já algumas decisões narrativas (provavelmente por questões de direitos autorais) acabaram inibindo arcos envolvendo as marcantes aparições da banda em programas como do Gugu, Faustão, Jô Soares e até mesmo na Hebe (citações não eram suficientes, neste caso). Não é mencionada a influência deste alcance no sucesso do grupo, uma vez que eles resumem isso a shows que eles faziam pelo país.
“Mamonas Assassinas: O Filme” termina sendo mais um exemplo que o cinema nacional deve focar em suas obras como um todo, e não se preocupar com a concepção de minissérie com o material que não foi para as telonas.
Valeu pela análise. As críticas são importantes para a evolução das produções, ficar só em comentário água com açúcar não leva a nada.