Crítica | 'A Sociedade da Neve' é mais uma produção perfeita do diretor de 'O Impossível' - Engenharia do Cinema
O cineasta espanhol J.A. Bayona chamou atenção do mundo com o excelente drama “O Impossível”, que foi lançado em 2012 e mostrava a história real de uma família que se separou por conta de um tsunami, que ocorreu em 2004, na Tailândia. O projeto não só alavancou a carreira de Bayona, como fez Naomi Watts receber uma indicação ao Oscar e trouxe a Hollywood ninguém menos que Tom Holland (atual intérprete do Homem-Aranha/Peter Parker).
Então, nada mais justo que o próprio J.A. para comandar “A Sociedade da Neve“, que mostra uma das mais populares histórias de um acidente aéreo. Em 1972, uma equipe de rugby do Uruguai viaja para uma partida de um campeonato no Chile. Mas após uma tempestade, o avião que os levava acaba caindo na cordilheira dos andes. Dos 45 passageiros, apenas 27 ficaram vivos. Então passamos a acompanhar a rotina dos sobreviventes e como eles tiveram de beirar para condições sub-humanas para sobreviverem.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Tendo como base o livro “La Sociedad de la Nieve“, escrito por Pablo Vierci e se tratando de uma espécie de reboot do clássico “Vivos!“, dirigido por Frank Marshall, temos uma história que procura retratar os medos, angústias e aflições que todos os sobreviventes vivenciaram naqueles dias tenebrosos, no meio do nada.
Imagem: Netflix (Divulgação)
A começar que não existe apenas um protagonista, e sim um conjunto de personagens que fazem a própria situação assumir esta função. Por intermédio deste cenário, Bayona (que também assinou o roteiro com Bernat Vilaplana, Jaime Marques e Nicolás Casariego) começa a focar em pequenos detalhes para transparecer as sensações mais conflituosas que podem ser exercidas, como por exemplo claustrofobia em excesso, feridas profundas sendo expostas e a sensação de vazio (já que não é tirado o foco dos sobreviventes, em momento algum).
Quando nós temos de nos colocarmos dentro de um contexto familiar, o enredo foca no arco envolvendo o jovem Nando (Agustín Pardella). Não entrarei no mérito de spoilers (embora seja uma história verídica), mas seu arco é um dos mais delicados do enredo.
Outro mérito é a fotografia de Pedro Luque (“Besouro Azul”), que usufrui não apenas de uma pastilha acinzentada, como também transparece, durante boa parte do primeiro ato (antes do acidente) como se estivéssemos vendo um filme rodado nos anos 70, em câmeras Panavision 70mm (muito usada em faroestes, inclusive).
“A Sociedade da Neve” é um retrato impactante, de uma história que realmente impactou e muito os anos 70, e até hoje vem sendo referenciada em várias obras.