Crítica | Encerramento de 'Bom Dia, Verônica' é uma salada podre que estraga o nosso dia - Engenharia do Cinema
Quando foi lançada em meados de 2020, a série nacional “Bom Dia, Verônica” tinha como intuito se tornar um dos carros chefes da Netflix Brasil. Inspirado no livro escrito por Ilana Casoy e Raphael Montes, a trama era centrada na investigadora Verônica Torres (Tainá Müller), que trabalhava no combate de crimes contra mulheres. Agindo como uma espécie de justiceira, o espectador facilmente conseguia comprar as suas motivações, uma vez que o próprio brasileiro carece de personalidades como ela.
Já a segunda temporada não tinha exatamente um material base e foi levemente inspirada no polêmico caso de João de Deus, que aqui ficou na personificação de Matias Cordeiro (Reynaldo Gianecchini, em um dos seus melhores papéis na carreira). Porém, por conta de um roteiro pífio e atuação horrenda por parte de Klara Castanho (que interpretava a filha de Matias, Ângela), escalada como uma das protagonistas daquele ano, a qualidade começou a decair bruscamente.
Dividido em três episódios (com quase 60 minutos cada), o terceiro e último ano da série parece ter sido um respiro final de algo que já não estava dando certo e sofreu várias interferências nos bastidores por intermédio de produtores e da própria Netflix. Embora tenham trazido agora ótimos nomes como Rodrigo Santoro e Maitê Proença, isso não conseguiu salvar esta produção do abismo que foi colocada.
Imagem: Netflix (Divulgação)
A história começa algum tempo depois do término da segunda temporada, com Verônica descobrindo que mesmo derrotando a fachada de Mathias, a situação que o englobava é pior do que imaginava ao se deparar com os misteriosos Doúm (Santoro) e Diana (Proença).
Imagem: Netflix (Divulgação)
Com uma abertura que literalmente se assemelha ao recente “O Assassino” (também realizado pela Netflix), sentimos que este encerramento de um ciclo será um remendo de outras produções que já deram certo na plataforma. Mesmo com Santoro, Gianecchini e Proença se esforçando para entregar atuações dignas de antagonistas, eles sabem que o material em mãos não era bom. Assim como a própria Müller, que é uma ótima atriz para este tipo de enredo.
Embora pareça interessante a ideia de apresentar que o arco das três temporadas estejam interligados em uma mesma árvore, na execução isso não funciona por conta da ausência de profundidade. Um mero exemplo, é que toda a reviravolta desta temporada acontece em um intervalo de 20 minutos, no próprio piloto (não existe um respiro ou chance do espectador pensar).
Assim como em “Turma da Mônica: Reflexos do Medo”, fica perceptível a presença de roteiristas contratados aleatoriamente pelos produtores, apenas para inserirem situações que “possam” render debates em redes sociais, uma vez que elas estão porcamente jogadas, pelas quais se fossem removidas, não teriam diferença alguma. Não podemos definir nem como clichê, mas sim um ativismo fora de hora (com direito a frases de Twitter sendo exaltadas, nos momentos errados).
O encerramento de “Bom dia, Verônica” só comprova o quão a qualidade das produções da Netflix, ainda continuam como um 8/80, já que os envolvidos se preocupam mais com repercussão nas redes sociais, ao invés do produto final.