Crítica | 'Madame Teia' é uma bomba que deveria ser implodida o mais rápido possível - Engenharia do Cinema
Depois da maior incógnita da humanidade “o que acontece depois da morte”, acabamos de conhecer uma nova dúvida que cercará o planeta terra por séculos: o que leva a Sony Pictures a produzir um filme como “Madame Teia”, depois do fracasso de “Morbius” e ainda com os mesmos roteiristas? Sendo o primeiro título da Columbia Pictures a carregar a abertura de 100 anos do estúdio (uma vergonha), vemos que os envolvidos apenas estavam interessados em ver a cor do dinheiro do espectador em uma história sem vida, clichê e que sequer chega a ser desenvolvida.
Em meio a uma série de entrevistas recentes para divulgar o longa, a sua própria Dakota Johnson comentou coisas supérfluas dos bastidores como sua maior diversão foi ter dirigido uma ambulância (inclusive a cena não é só porcamente gravada, como ela parece estar em um exame de auto-escola), ter achado estranho fazer algumas cenas em um fundo verde e que ela ainda não se atreveu a assistir ao filme! Isso já é sinal que desde o principio ela já sabia que se tratava de uma bomba.
Imagem: Marvel Studios (Divulgação)
Após sofrer um acidente, Cassandra Webb (Johnson) descobre possuir misteriosos poderes de previsão do futuro. Neste cenário, ela aleatoriamente percebe que as jovens Julia (Sydney Sweeney), Anya (Isabela Merced) e Mattie (Celeste O’Connor) estão correndo perigo e resolve defendê-las do misterioso Ezekiel Sims (Tahar Rahim). Sim, realmente é tudo mal explicado.
Imagem: Marvel Studios (Divulgação)
Havia uma propaganda da cerveja Schin, onde os personagens apenas respondiam “porque sim!”. Os roteiristas Matt Sazama, Burk Sharpless (responsáveis por “Morbius”), Claire Parker e S.J. Clarkson (que também assina a direção) parecem ter partido dessa premissa na hora de conceber este roteiro cheio de furos e explicações sem sentido algum. Além de nitidamente eles viverem em uma realidade paralela, parece que não existe boa vontade em trabalhar em algumas situações (onde diabos eles achavam que um trio de adolescentes ficaria horas sentadas em uma floresta, fazendo absolutamente nada?).
Quando tudo parecia não piorar, a inserção de elementos para ligar com o personagem Homem-Aranha (pelo qual não pode ser mencionado em diálogos, por conta de direitos autorais com a Marvel Studios) são vergonhosos, pois não acrescentam em nada nesta história. Um mero exemplo é que a participação de um jovem Tio Ben (Adam Scott) e sua irmã Mary (Emma Roberts), que estava grávida de Peter na época, se fosse removida não teria feito diferença alguma.
O vilão interpretado por Tahar Rahim é outro personagem meramente canastrão, pois sua motivação não fica explícita (porque sim) e ele resolve sair atrás delas por conta de um sonho (não estou brincando). Faltou um tratamento e uma explicação melhor, principalmente em uma história que se passa em 2003, cuja evolução tecnológica ainda não havia chegado no patamar mostrado aqui.
Partindo para o trabalho de direção de S.J. Clarkson, não apenas se assemelha a ela estar descobrindo como funciona uma câmera, como seu trabalho é totalmente amador desde o primórdio. Com uma sequência inicial que parece ter saído da série “The Office” (com tanto zoom in/out que ela utiliza), cenas de ação com vários cortes bruscos (principalmente quando Dakota dirige a ambulância a 30km/h) e arcos dramáticos tirados de uma novela mexicana (com direito a uma música feita em tecladinho de churrascaria, no fundo), ela deixa claro que pode haver algo pior que Emma Tammi em “Five Night’s At Freddy”.
“Madame Teia” é mais um sinal de que o público não irá comprar um filme da Marvel, simplesmente por conta do logo do estúdio. Deve-se ter uma qualidade e tratamento melhor, se não irá flopar com a maior força do universo.