Crítica | 'Garra de Ferro' é o Rocky de Zac Efron - Engenharia do Cinema
Depois de ter pendurado a camisa do Troy Bolton, o ator Zac Efron começou a investir em várias comédias pastelões divertidas (como “Tirando o Atraso” e “Os Caça-Noivas”), que deixavam de lado cada vez mais seu rótulo de galã da Disney. Mas era questão de tempo até ele resolver estrelar filmes mais sérios, com “Garra de Ferro” sendo oficialmente o primeiro deles.
Além da produção deste longa ter como foco as premiações cinematográficas, o longa de Sean Durkin (“Gêmeas: Mórbida Semelhança”) possui um escopo que aparenta e muito beber da fonte de “Rocky” e “Touro Indomável”, mas que felizmente, consegue desenvolver sua própria imagem, embora não seja marcante como os mencionados.
Imagem: Califórnia Filmes (Divulgação)
Inspirado na história real dos irmãos Von Erich, cujo Pai (Holt McCallany) sempre os instruiu a serem lutadores tão bons quanto ele. Por mais que Kevin (Efron), David (Harris Dickinson), Mike (Stanley Simons) e Kerry (Jeremy Allen White) se esforcem, o sonho paterno começa aos poucos a afetar a vida de toda a família.
Imagem: Califórnia Filmes (Divulgação)
Com roteiro e direção assinados pelo próprio Sean Durkin, havia uma ciência que o trabalho poderia ter partido para dois lados: o clichê dos filmes de esporte ou um drama familiar, com pitadas de cenas de luta bem conduzidas. Felizmente ele não só opta pela segunda opção, como sabe trabalhar isso. Aqui não há um exagero na retratação de nenhuma das situações, uma vez que o teor de ambos os lados já é tenso por si.
Se estamos presenciando uma luta, é apenas ela que é centrada e nitidamente houve um preparo dos atores (principalmente de Efron), pois a câmera não faz jogos exagerados (inclusive, algumas delas são realistas demais) para esconder alguns descuidos pela falta de treinamento. Depois do desfecho das disputas e algumas festas, há momentos individuais com cada um dos irmãos, sem diálogos, enfatizando apenas expressões tristes e que os transparecem o quão eles não estão aguentando mais esse estilo de vida.
Ao mesmo tempo, acompanhamos o quão o cenário desta modalidade sempre foi um entretenimento combinado, pois diante de várias lutas (independentemente do que acontecia no ringue), os adversários combinavam os golpes, reações e depois iam para festas com grande parte do dinheiro arrecadado. Foi dentro deste cenário que a família Von Erich se tornou bastante famosa.
Entre essas duas passagens, Efron realmente demonstra um talento nato, pois além desta abordagem, ele tem de intercalar sua vida familiar e profissional, com seu relacionamento com Pam (Lily James, que embora tenha química com ele, está meio apagada).
Já nomes como Jeremy Allen White (protagonista da aclamada série “O Urso”, e mais uma vez em uma família problemática) e Harris Dickinson (“Triângulo da Tristeza”) aparecem relativamente pouco, mas são bem explorados diante da proposta. Principalmente quando estão em discussões pesadas com o próprio pai (em excelente atuação de Holt McCallany).
“Garra de Ferro” não é apenas um ode a atuação de Zac Efron, mas também o primeiro grande sinal que ele está indo no caminho certo em sua carreira.