Crítica | Encerramento da série 'Dom' pisa em tudo que foi estabelecido, em prol do vitimismo - Engenharia do Cinema
As duas primeiras temporadas de “Dom” poderiam ser facilmente as únicas desta série, pois esta terceira nitidamente foi concebida por causa do sucesso da primeira. Dividida em cinco episódios, com cerca de 40 minutos cada, a sensação é que o fator ficção falou mais alto e com o intuito de encher mais linguiça, do que contar a história verídica (como foi nos dois anos anteriores).
A história mostra o cerco de Pedro Dom (Gabriel Leone) começando a ser fechado, à medida que ele opta por decisões cada vez mais erradas em sua vida. Vivendo escondido em uma periferia, seu Pai, Victor (Flávio Tolezani), tenta o proteger até onde consegue.
Imagem: Amazon Studios (Divulgação)
Antes dirigida pelo finado cineasta Breno Silveira (1964-2022), parece que a obra nitidamente começou a descarrilar de vez. Antes tínhamos um foco em todos os personagens, coadjuvantes que tinham certo peso na história de Pedro e Victor. Agora alguns reaparecem apenas para encher linguiça, outros tem o famoso “então ele está assim agora?”.
Mesmo com Leone e Tolezani continuando com suas performances que casam com os perfis do personagem e narrativas, não existe uma vida em performances como Raquel Villar (Jasmin) e Isabella Santoni (Vivian, cujo retorno nesta temporada é injustificável).
Para piorar a situação, o roteiro indiretamente implora que o espectador deve perdoar tudo que o Dom havia feito até então, ao invés de usar como um artifício moral. Por conta disso, acabamos tendo não apenas raiva do antagonista, mas também dos roteiristas da própria série.
A terceira e última temporada de “Dom” usufrui da inteligência do espectador ao enrolar uma trama que já estava esgotada e pisa em tudo pelo qual o cineasta Breno Silveira havia feito.