Crítica | 'Bad Boys: Até o Fim' mostra que ainda há gás, quando uma franquia mantém suas raízes - Engenharia do Cinema
Após o incidente do tapa de Will Smith, no Oscar 2022, muitos acreditavam que sua carreira iria pro ostracismo e sequer iriam cogitar o trazer de volta para as grandes produções, salvo engano. Na companhia de Martin Lawrence, eles retornam como os agentes Mike Lowrey e Marcus Burnett, respectivamente, neste quarto título que só comprovam o gás que a franquia “Bad Boys” ainda possui no cinema.
Em meio a várias continuações e spin-offs de franquias que não entregam nada que os fãs e espectadores (em sua maioria) gostariam de ver, “Bad Boys: Até o Fim” se mostra como uma das poucas produções que respeitam seu legado e entrega o desejo do público fiel. Um exemplo disso é ele ter custado US$ 100 milhões e rendido até então US$ 104 milhões mundialmente (e este montante vai aumentar), ou seja, está sendo lucrativo para a Sony Pictures.
Imagem: Sony Pictures (Divulgação)
Depois de Mike finalmente se casar e Marcus descobrir que possui sérios problemas de saúde, eles também se encontram em um cenário delicado envolvendo um perigoso esquema de tráfico de drogas, cuja culpa foi jogada no finado Capitão Howard (Joe Pantoliano). Então a dupla começa uma investigação para provar a inocência do falecido chefe.
Também responsáveis pelo terceiro capítulo da franquia, os diretores Adil El Arbi e Bilall Fallah sabem o tipo de timbre que devem seguir nesta produção. Enquanto Smith é o mais sério e centrado, Lawrence é o piadista e atrapalhado (inclusive, me abstenho de falar sobre o entrosamento entre eles, pois segue ótimo). Por isso, pode-se esperar muitas piadas nestas situações que continuam a funcionar dentro do timing.
Arbi e Fallah também sabem que estão seguindo uma franquia que começou nas mãos de Michael Bay (em sua era de ouro na função), e por isso optam por não apenas continuar os manejos dele com a câmera para retratar Smith e Lawrence (sempre vistos de baixo para cima), como extrapolar em cenas de ação originais nesta franquia.
Neste capítulo temos três que são muito bem conduzidas, pelas quais a mescla entre CGI e efeitos práticos, transparecem não só a habilidade dos diretores, como o conhecimento deles em torno de como usar bem esses recursos (vide a sequência de tiro em primeira pessoa, pela qual o próprio Will Smith divulgou um vídeo com seus bastidores).
Vale lembrar que o longa teve suas gravações terminadas nas últimas semanas, por conta da greve dos atores e conflitos na agenda dos atores, eles conseguiram retornar aos sets apenas em março. Realmente, a qualidade do trabalho foi tão positiva, que isso não foi sentido em momento algum.
Outro fator chamativo é que eles exploram todos os recursos possíveis nos cenários onde acontecem cenas de ação impactantes. Um exemplo é no ato que envolve uma sequência de fuga em um avião, e tudo que há nele e pode ser feito dentro daquela condição, é exercido.
Porém, se tratando no desenvolvimento e abordagem do vilão e coadjuvantes, o roteiro de Chris Bremner e Will Beall, deixa a desejar. Temos um Eric Dane interpretando um antagonista genérico e clichê, Ioan Gruffudd `(Lockwood) com mais um personagem previsível, Vanessa Hudgens e Alexander Ludwig desperdiçados (embora suas piadas estejam melhores e mais mais potencial do que no antecessor).
“Bad Boys Até o Fim” mostra que uma franquia vai sempre fazer sucesso, se o conteúdo entregue para o espectador honrar tudo aquilo que ele gostaria de ver.