Crítica | 'MaXXXine' é um show de Mia Goth e uma homenagem ao noir - Engenharia do Cinema

publicado em:22/07/24 3:37 PM por: Gabriel Fernandes CríticasNos CinemasTexto

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Com um pouco mais de orçamento, e a possibilidade de chamar nomes mais fortes como Kevin Bacon, Giancarlo Esposito, Elizabeth Debicki e Lily Collins, “MaXXXine” mira no noir para homenagear o cinema slasher com maestria.

Depois de surpreender positivamente com “X – A Marca da Morte e “Pearl” (cuja trama é um prelúdio do antecessor), o cineasta Ti West e a atriz/roteirista Mia Goth decidiram ser um pouco mais ácidos no desfecho da saga de Maxine Minx (vivida pela própria Goth).

A história começa um pouco depois dos eventos de “X”, com Maxine indo morar em Los Angeles e prestes a conquistar seu sonho de ser uma atriz de Hollywood. Porém, um perigoso serial-killer pode colocar seus objetivos em cheque e fazer com que seu passado no universo do cinema pornográfico e o brutal episódio na casa do longa anterior, sejam expostos.

Imagem: Universal Pictures/A24 (Divulgação)

Não posso deixar de elogiar o talento da atriz Mia Goth, que mostrou amadurecimento na evolução de sua personagem, dentro da história onde ela consegue ir do 8 ao 80, com facilidade. 

Um mero exemplo é em uma cena ela está conversando com uma amiga e ao se despedir dela, entra em um beco e encara um potencial estuprador. A forma como ela muda, é da água para o vinho e fica perceptível apenas por seu olhar. O mesmo vale para os desencontros com o misterioso John Labat (Bacon), que vão se moldando e evoluindo lentamente. 

Se estiver com o conhecimento em produções do gênero em dia, várias referências podem ser notadas a cada passo da narrativa. Temos desde as mais óbvias como “Halloween” e “Psicose”, até as mais sutis como “Sedução e Vingança” e “Boogie Nights”. Além do fato das presenças de Bacon, Collins, Debicki e Esposito, brincarem com algumas passagens deles na indústria do cinema (como o fato da segunda já ter interpretado a Branca de Neve nas telonas). Isso sem mencionar, que assim como sua própria personagem, Goth também começou nas produções de horror e isso é sutilmente referenciado. 

Agora, é perceptível que a direção de Ti West beira mais para uma produção no estilo Noir, com toques sutis de violência gráfica e algumas chocam pelo fator crueldade (o que justifica a censura 18 anos). Uma, em especial, nos faz remexer na cadeira de tamanha aflição. Isso sem mencionar que há um breve teor erótico, assim como no primeiro filme, mas nada explícito ou que incomode o público.

Regado a isso, os trabalhos de design de produção, figurino e a trilha sonora (que contém canções famosas da época como “Gimme All Your Lovin” e “Obsession”), nos levam a vivenciar os anos 80 mostrado na produção, principalmente o lado nojento e triste de Los Angeles. Já que estamos falando de um lado de pessoas que ainda sonham em emplacar na indústria.  

“MaXXXine” é um encerramento justo, para uma trilogia que começou bastante tímida nas telonas e soube se reinventar com sabedoria. 



Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.


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