Crítica | 'Feios' é um 'Jogos Vorazes' sem a presença de Lawrence - Engenharia do Cinema
Em uma busca de realizar o seu “Jogos Vorazes”, a Netflix está cada vez mais empenhada em trazer ao seu catálogo produções cinematográficas inspiradas em obras literárias. No caso da adaptação de Scott Westerfeld, em “Feios” temos uma premissa que lembra, e muito, a franquia encabeçada por Jennifer Lawrence. Estrelado pela garota propaganda da plataforma, Joey King, fica nitidamente estranho comprar a premissa dessa história com ela como protagonista (já que ela tem uma aparência que não casa com a descrição de sua caracterização aqui).
A história se passa em um futuro distante, onde jovens ficam presos até alcançarem os 16 anos. Ao atingirem a faixa etária, eles são forçados a fazerem um processo de alteração no visual para deixar de serem “feios” e serem “bonitos”. Após Tally (King) conhecer a misteriosa Shay (Brianne Tju), ela descobre que este sistema não é como ela imaginava.
É incrível como o roteiro de Jacob Forman, Vanessa Taylor e Whit Anderson cria um cenário similar com o que vimos nas adaptações da obra criada por Suzanne Collins e na saga de “Divergente”. Seja na atmosfera futurista, nas roupas e nos regimes aplicados. Por isso há uma sensação de que faltou uma originalidade, que possa ser com que ele tenha um triste desfecho que Veronica Roth teve nas telonas.
Porém, um fato chamou atenção nesta produção como um todo foi que Joey King não convence em momento algum como “feia”. Nitidamente o diretor McG acreditou que o público compraria essa premissa, embora tentem até indiretamente vender que trata-se da “beleza interior”.
Isso sem mencionar que as cenas de ação se perdem à medida que se resumem a Tally andar de “skate” em cenários distópicos e explosões baratas, pelas quais sabemos que está tudo carregado de computação gráfica.
Para piorar a situação, a trama ainda força um romance entre a protagonista e David (Keith Powers), que surge na história apenas para forçar essa situação e tentar estabelecer uma “ponte” entre os conflitos dela com os antagonistas.
“Feios” é mais um deslize da plataforma, que possivelmente agradará o nicho de espectadores com no máximo 10 anos.