Crítica | 'Silvio' não vem ai, em uma das maiores bombas da história - Engenharia do Cinema
Falar sobre a trajetória de Silvio Santos é algo complicado, por conta das diversas coisas que o Dono do Baú fez. Após a polêmica série da Disney, “O Rei da TV” resumir o seu legado de uma forma satírica (com o famoso “ame ou odeie”), o longa “Silvio” vai na contramão e opta por resumir o legado do Senor Abravanel.
Ao invés de mostrar sua trajetória ou suas histórias no SBT, o enredo se resume ao período onde ele ficou na mira do sequestrador Fernando Dutra Pinto (Johnnas Oliva), após sua filha Patrícia (Polliana Aleixo) ter sido libertada por ele e seus comparsas, em agosto de 2001.
Independentemente, o próprio material promocional dá já dava a entender que teríamos uma das piores produções na história do cinema nacional. A começar que a interpretação de Rodrigo Faro para Silvio Santos é uma verdadeira canastrice, pois ele imita o empresário durante os momentos tranquilos e nos agitados ele deixa sua voz normal tomar conta. Isso sem citar que a sua maquiagem o deixou mais parecido com o Youtuber Luciano Cesa com o Kiko do Chaves, ao invés do dono do baú.
Diante deste caos, o diretor Marcelo Antunez (“Polícia Federal”) parece estar disposto a atirar para todos os lados, sem um alvo certo. Não sabemos se ele queria contar um drama, um suspense ou até mesmo uma sátira ao ocorrido (por conta do desleixo nas atuações).
Imagem: Imagem Filmes (Divulgação)
No meio desta bagunça, há espaço para cenas onde o próprio Silvio faz o seu sequestrador se sentar, de forma aleatória, apenas para ouvir suas histórias de vida, como se fosse um episódio de “Anos Incríveis”.
Como um recurso pobre para apresentar os constantes flashbacks, estes arcos se assemelham a um trabalho escolar com vários remendos, feito por alunos preguiçosos. Nestes são apresentados com bastante vazio, o seu relacionamento conflituoso com a sua primeira esposa Cidinha (Marjorie Gerardi) e o crescimento empresarial com o amigo de longa data Manuel de Nóbrega (Duda Mamberti). Tudo isso regado a melodias de um tecladinho de barzinho, que só faltou desenhar os sentimentos dos personagens.
Estas situações poderiam funcionar, se o roteirista estreante Anderson Almeida tivesse estudado o mínimo na área cinematográfica. A começar que não existe nenhuma preocupação ou interesse nos personagens, muito menos a tensão da situação vivida por Silvio, não é transposta ao espectador.
Isso porque ainda não entrei na vertente onde participações da Rede Globo e do então governador Geraldo Alckmin não foram usadas, por não terem sido autorizadas e por isso pseudônimos em suas representações. A parte engraçada, é que indiretamente eles são colocados como os “heróis” da história (apenas com o intuito “respeitoso” dos autores da produção).
“Silvio” é uma das maiores porcarias já executadas pelo cinema nacional, pelas quais só chegou a público para competir com o recente “Mamonas Assassinas”, o troféu de pior cinebiografia brasileira.