Crítica | Robô Selvagem - Engenharia do Cinema
O cineasta Chris Sanders é conhecido por entregar animações de qualidade como “Lilo & Stitch” e “Como Treinar o Seu Dragão”. Em “Robô Selvagem” ele tem seu projeto mais humano e adulto. Com inspiração no livro de Peter Brown, a produção é bastante audaciosa ao trazer, com naturalidade, assuntos pelos quais as crianças ainda precisam se desenvolver, como a perda e o amadurecimento.
Após ter naufragado em uma ilha, a ciborgue Roz se vê obrigada a viver em um ambiente hostil onde os animais não sentem confiança nela. Porém, as coisas passam a mudar quando ela “recebe a ordem” de cuidar de um ganso recém nascido, que o batiza de Brightbill, na companhia da raposa Fink.
Desde os primeiros 10 minutos, Sanders sabe que para conceber a jornada de Roz ele tinha de se começar pelos tradicionais clichês do “conhecendo o desconhecido”, antes de colocar a personagem diante de assuntos mais profundos. Lentamente, acabamos tendo uma aproximação com ela por conta de seu lado humanista.
Ao apresentar Fink (que é totalmente inspirado em Pedro Pascal, seu dublador no original) e Brightbill, há uma preocupação em não apenas deixar eles jogados em situações já conhecidas. Há um desenvolvimento que estabelece uma ligação entre o trio com o espectador.
Depois de haver essa conexão, Sanders começa delicadamente a explorar assuntos bastante delicados (pelos quais irão emocionar os mais sensíveis) como a perda, morte e a superação dos obstáculos.
Sem apelar para uma trilha sonora horrorosa ou músicas que literalmente desenham as cenas, nestes arcos ele usufrui da fotografia Chris Stover, onde repete o que já deu certo em “Gato de Botas 2”.
Por meio de tons alegres, ele sobrepõe a animação 3D com desenhos bidimensionais, trazendo uma atmosfera diferente à narrativa. Consequentemente, parece que estamos observando uma pintura, ao invés de um filme em CGI.
“Robô Selvagem” é mais um acerto da Dreamworks e sinaliza para “Divertida Mente 2” que a briga no Oscar 2025 não será fácil.