Crítica | Prenda a Respiração - Engenharia do Cinema
A pandemia do coronavírus certamente está servindo como inspiração para vários filmes e séries. Só que a grande maioria destas produções, acabam vacilando ao escolherem se sustentar apenas em pontos vividos pelo ser humano e chegarem em lugar nenhum. É o caso de “Prenda a Respiração”, que chegou recentemente ao Disney+ e coloca Sarah Paulson (“8 Mulheres e um Segredo”), no papel de uma verdadeira “Dona Florinda com uma carabina”.
A história se passa nos anos 30, em uma Oklahoma que é constantemente atingida por tempestades de areia e os moradores cada vez mais necessitam viver reclusos. Neste cenário, Margaret (Paulson) vive com suas duas filhas e tenta as proteger também contra a ameaça de um “Homem Cinza”, onde ela acredita que foi personificado no misterioso Wallace (Ebon Moss-Bachrach).
O roteiro de Karrie Crouse (que também assina a direção com William Joines), nitidamente estabeleceu seu enredo nas neuras e maluquices do ser humano diante dos isolamentos da pandemia. Uma prova disso, são as constantes neuroses de Margaret, cuja atuação de Paulson novamente é assustadoramente boa. Porém, ela estava ciente que o material em mãos era muito aquém do que poderia ser.
A começar que não há uma conexão com nenhum dos personagens, e o ritmo lento só prejudica o interesse na própria trama. Ela só começa a extrapolar mais as possibilidades que poderiam ser concebidas naquele cenário, perto do desfecho e quando a própria Margaret já está no ápice de sua loucura. Ao chegarmos no clímax, são explorados recursos que vão da escatologia até aflições.
Para piorar a situação, parece que ela se embasou em 90% da trama no trabalho de John Krasinski na franquia “Um Lugar Silencioso”. A diferença é que o eterno Jim sabia renovar e não ficava na sua zona de conforto, enquanto Karrie ficava estacionada durante quase 90 minutos.
“Prenda a Respiração” é mais um filme genérico que não sabe explorar o comportamento do ser humano em cenários distópicos.