Crítica | Megalópolis - Engenharia do Cinema

publicado em:3/11/24 12:00 PM por: Gabriel Fernandes CríticasNos CinemasTexto

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Desde os anos 80 o cineasta Francis Ford Coppola procurava maneiras para realizar o seu projeto dos sonhos, o longa de fantasia “Megalópolis”. Após vários estúdios negarem abraçar a realização, o 11 de setembro ter prejudicado a realização dele durante os anos 2000 (por conta da temática envolvendo a destruição de uma cidade que remete a Nova York) e cada vez mais ser inviável financeiramente, o veterano penhorou parte de sua vinícola e investiu do próprio bolso mais de US$ 140 milhões para concebê-lo.  

Lançado durante o Festival de Cannes 2024, a produção dividiu o público e a crítica, que não alegaram o fato de sua narrativa ser confusa e fraca. Perceptivelmente Coppola optou por realizar várias homenagens a outros clássicos cinematográficos. Estamos falando de mais uma carta de amor de um cinéfilo a história do cinema.

A história se passa na fictícia cidade de Nova Roma, onde o arquiteto Cesar Catilina (Adam Driver) deseja aplicar uma nova e renovável tecnologia no município. Ao mesmo tempo que enfrenta o descaso do prefeito Cicero (Giancarlo Esposito) que é contra essa possibilidade, ele se apaixona por sua filha Julia (Nathalie Emmanuel).

A princípio já percebemos que se trata de um projeto totalmente idealizado para ser lançado há anos, mas por conta dos efeitos visuais e fotografia apresentada, provavelmente não teria alcançado o resultado que presenciamos. 

Desde a icônica cena onde Cesar percebe que pode controlar o tempo na cobertura de um alto edifício (cuja sequência pode se tornar icônica), até o design de produção da própria Nova Roma, vemos que há uma preocupação em não ser artificial e rasteira. 

Imagem: O2 Play (Divulgação)

Assim como na antiga cidade Italiana, aqui temos o seu próprio Coliseu, Jardins da Villa Borghese, Campo De’ Fiori entre outros espaços, pelos quais são reformulados para serem encaixados em uma “Nova York atual”.

Além do cuidado técnico, Coppola exerce uma perceptível carta de amor ao cinema. Percebemos constantemente referências a trabalhos de Charles Chaplin (“Tempos Modernos”), Fritz Lang (“Metrópolis”), Ridley Scott (“Blade Runner”), William Wyler (“Ben-Hur”) e Orson Welles (“Cidadão Kane”), entrelaçados com obras shakespearianas como “Romeu e Julieta” e “Julio Cesar”. 

Dentro deste cenário, não hesito em dizer que “Megalópolis” foi idealizado como uma produção que espera o espectador já possua uma bagagem cinematográfica e histórica antes de conferi-la. Uma vez que ele não se explica muito, muito menos apela para flashbacks constantes para deixar claro algumas situações.

Assim como os próprios Driver, Esposito e Emmanuel, o filme possui outros nomes de peso em seu elenco coadjuvante como Aubrey Plaza (Wow Platinum), Shia LaBeouf (Clodio Pulcher), Jon Voight (Hamilton Crassus III), Laurence Fishburne (Laurence Fishburne) e Dustin Hoffman (Nush ‘The Fixer’ Berman). Com atuações operantes, Plaza e LaBeouf conseguem roubar a cena mesmo interpretando seus personagens padrões nas telonas (a mulher estranha, mas sedutora e o jovem problemático).

“Megalópolis” termina como uma divertida viagem de Francis Ford Coppola, onde ao terminar o seu passeio, sentimos que ainda merece uma segunda visita para encontrar mais detalhes que passaram despercebidos. 



Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.


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