Crítica | Gladiador 2 - Engenharia do Cinema
Há vários anos o cineasta Ridley Scott vinha estudando como fazer uma possível continuação de “Gladiador”, após o seu estrondoso sucesso e ter conquistado cinco Oscars em 2001. Por conta da constante pressão do estúdio do projeto sair do papel, a produção finalmente viu a luz do dia em meados de 2022.
Sem a presença de Maximus (Russell Crowe) e Cômodo (Joaquin Phoenix), a trama se passa cerca de 16 anos depois do original e é centrada em Lucius (Paul Mescal), filho do primeiro que foi capturado pelo exército do general Marcus Acacius (Pedro Pascal) e levado para ser um Gladiador em Roma. Por lá, ele é comprado por Macrinus (Denzel Washington) e começa seu plano de vingança.
O roteiro de David Scarpa (“Napoleão”) procura não apenas honrar o arco encabeçado por Crowe, como não estragar tudo que já haviam estabelecido. Durante seu tracejado para a jornada de Lucius, ele estabelece uma ligação sutil a Maximus, além de constantes referências ao que foi apresentado por Scott lá atrás.
Mesmo com Mescal ainda sendo um ótimo ator dramático (como já vimos em títulos como “Todos Nós Estranhos” e “Aftersun”), ele acaba sendo totalmente ofuscado por um veterano: Denzel Washington. Conhecido por escolher papéis fortes, Macrinus tem não apenas o melhor desenvolvimento na trama e isso foi auxiliado pelo material promocional que não revelou nada sobre quem ele realmente é.
Como nem tudo são flores, perceptivelmente Ridley Scott sofreu com o mesmo problema de suas últimas produções: a intromissão do estúdio com relação a metragem do filme. Há sequências onde nitidamente tinham sido mais exploradas, mas que tiveram de ser tiradas para a duração se tornar comercialmente plausível.
Sem entrar em território de spoilers, um exemplo é em uma importante cena de luta cujo desfecho é interrompido por um corte abrupto depois de Lucius não ter conseguido fazer o golpe que queria.
Mesmo com estes detalhes, as cenas de ação são bem conduzidas, principalmente os combates corporais e batalhas grandes, vide a sequência de abertura. O único fator prejudicial, mas nem tanto, são os fracos CGI para a maioria dos animais. A atmosfera fica bastante estranha e parece que os atores estão interagindo com bichos de pelúcia, ao invés de animais ameaçadores.