Crítica | Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa - Engenharia do Cinema
Depois do sucesso dos dois live-actions de “A Turma da Mônica” e o fracasso da adaptação da fase jovem dos personagens, a Mauricio de Sousa produções resolveu levar para as telonas outro nome famoso: Chico Bento.
Interpretado pelo novato Isac Amendoim, vemos desde o princípio que não só ele, como todo o elenco infantil realmente faz jus a suas escalações. Só que o roteiro se mostra como o principal vilão, ao colocar uma trama boba e elaborar um escopo que poderia ser resolvido com uma simples pergunta.
Após perceber que a goiabeira de Nhô Lau (Luis Lobianco) será derrubada para a construção de uma estrada pelo Coronel Dotô Agripino (Augusto Madeira), Chico Bento e seus amigos começam a elaborar um plano para que isso não aconteça.
O roteiro de Elena Altheman, Raul Chequer e Fernando Fraiha sequer parou para analisar, que mesmo se tratando de uma produção voltada ao público infantil, pudesse ser tão fraco a ponto de apresentar um arco mais plausível ou que justificasse a destruição da árvore.
Poderiam ter optado não por uma estrada, mas por algum empreendimento comercial, condomínio, casas ou alguma obra para levar água a mais regiões. Algo que tivesse uma justificativa mais plausível e não tão esdrúxula.
Ao invés desses poréns, o texto opta por tratar a maioria dos personagens adultos como burros e ingênuos, onde até mesmo uma criança recém nascida saberia entender o quão sem sentido era o cenário criado por Agripino. Até mesmo este pequeno bebê teria perguntado para ele, na cena que envolve a reunião com os moradores do bairro, se havia um mapa com o desenho de por onde passaria tudo (algo que fica óbvio desde o começo).
Mesmo com esses descuidos, há sequências bem fiéis e divertidas em relação aos gibis, como a amizade entre Chico e Zé (Pedro Dantas), que rende momentos hilários, assim como a paixão platônica dele com Rosinha (Anna Julia Dias).
Como cereja do bolo, Débora Falabella (intérprete da professora Marocas) ainda rende boas risadas, pois além dela estar nitidamente se divertindo, a sequência da sala de aula onde ela fala para os alunos desenharem um mapa é hilária.
Diferente da participação de Taís Araújo, que assim como em “Auto da Compadecida 2”, sua personagem não possui a importância de estar na trama, pois sua função poderia facilmente caber até para a avó de Chico (já que o próprio enredo estava se preparando para isso).
“Ah, mas você tem de entender que é uma trama voltada para as crianças”, mas vamos ser sinceros: com menos de dois anos, uma criança já sabe lidar com um eletrodoméstico melhor que muitos adultos.
“Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa” é mais um fraco filme infantil inspirado nas obras de Mauricio de Sousa, e deixa claro o quão nomes como Daniel Rezende fazem falta nesta franquia.