Crítica | Conclave - Engenharia do Cinema
Depois de “Spotlight” ter conquistado o Oscar de melhor filme em 2015, muitos cineastas voltaram os olhos para tramas que poderiam ser exploradas diante das polêmicas da Igreja Católica. No meio deste tópico, mesmo que a obra de Robert Harris seja uma ficção, “Conclave” tem como propósito mostrar o quão a corrupção política também acontece até nos locais mais “santos” do mundo.
Após a inesperada morte do atual Papa, o Cardeal Lomeli (Ralph Fiennes) se torna responsável pela escolha de seu sucessor, conforme havia sido solicitado pelo próprio finado pontífice. Com vários líderes mundiais presentes no Vaticano para o processo de Conclave, Lomeli começa a descobrir um cenário de corrupção e segredos que podem abalar não apenas a votação, mas a própria Igreja.
O diretor Edward Berger sabe que é um assunto que pode ser bastante monótono para quem não é familiar ao assunto, e para isso, opta por transformar o linguajar e atmosfera como se fosse um episódio de “House of Cards” no Vaticano.
Em um dos seus melhores papéis na carreira, Fiennes consegue transpor não apenas a exaustão de Lomeli, mas a tensão em torno do peso em que ele está carregando. Assim como ele está cansado de ter de retornar inúmeras vezes para votação, ainda nos pegamos em alguns dilemas morais do seu personagem.
Mesmo estando um pouco apagado, mas em uma presença crucial para a trama, John Lithgow (Tremblay) consegue roubar a cena em momentos chaves, pelos quais ainda o colocam em uma cena bem intensa com Isabella Rossellini (irmã Agnes). Inclusive, ela foi indicada ao Oscar por conta deste momento em específico.
A única coisa realmente prejudicial na trama, é a trilha sonora de Volker Bertelmann, pois ela literalmente aparece para desenhar os graus de importância dos personagens. Sejam eles os mocinhos ou vilões, tanto que na primeira cena onde aparece Trembley (John Lithgow), é tocada uma nota que só falta colocar uma seta em sua cabeça para falar que ele é o “antagonista”.
Vale ressaltar que este trabalho de Bertelmann foi indicado ao Oscar, mas talvez não consiga levar por conta deste detalhe em específico.