Crítica | Capitão América: Admirável Mundo Novo - Engenharia do Cinema

publicado em:16/02/25 10:01 PM por: Gabriel Fernandes CríticasNos CinemasTexto

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Falar sobre os problemas de “Capitão América: Admirável Mundo Novo”, é algo complexo. A começar que a produção foi bastante conturbada, por conta da recepção negativa que recebeu em diversas sessões teste, que fez as refilmagens subirem o orçamento a bater na casa dos US$ 200 milhões.

A maior culpa disso ter acontecido por parte da Marvel Studios, pois confiaram na mão do diretor Julius Onah, que há poucos anos havia entregado o desastroso “O Paradoxo Cloverfield”. Curiosamente este também teve problemas em sua produção, e por conta do resultado final ruim, a Paramount vendeu os direitos de lançamento para a Netflix.

Sem mão para guiar uma cena de ação, muito menos desenvolver uma atmosfera de suspense, parece que Onah nos queria levar para lugar nenhum, e as cenas adicionais só deixaram a sua trama mais cega que o Mr. Magoo.

Após completar uma missão para o então Presidente dos EUA Thaddeus Ross (Harrison Ford), o agora Capitão América, Sam Wilson (Anthony Mackie), descobre que algo pior por estar por trás não apenas das intenções do próprio, mas de pessoas ligadas a ele.

Escrito por nada menos que cinco mãos diferentes (entre elas o próprio Onah), parece que o estúdio queria encerrar algumas pontas soltas de “O Incrível Hulk” (que até então estava com a trama esquecida no churrasco).

Além de trazer os arcos do Hulk Vermelho, os retornos de Samuel Sterns (Tim Blake Nelson) e da então namorada de Bruce, Betty Ross (Liv Tyler). Como a Marvel ainda não estabeleceu um acordo para conseguir produzir um filme solo do Hulk com a Universal Pictures, a saída foi levar seus arcos para produções de outros heróis (como vimos em “Thor Ragnarok”). 

Entrelaçado a isso, a trama ainda conta com outros arcos que estavam pendentes nos cinemas como o Celestial de “Os Eternos” e a primeira citação do Adamantium. Legal mas “e o Capitão América?”.

Já não é de hoje que Mackie se mostra como um ator que não possui porte para estrelar este tipo de produção, e sua escalação como um dos principais rostos da nova fase do estúdio, se mostra como mais um erro. 

Proferindo frases de parachoque de caminhão, aparentando um desconforto perceptível como protagonista e uma vergonha ainda pior enquanto contracenava com Harrison Ford, parecia que ele estava em cena apenas para cumprir seu contrato com Kevin Feige.

Outro grande problema é Harrison Ford, pois além de estar operante no papel de Thaddeus Ross (sem desrespeitar o trabalho do finado William Hurt) sabia que no final do expediente o cheque gordo estaria o esperando. Seu Hulk Vermelho possuía potencial, mas reduzi-lo a uma sequência mal dirigida com menos de 10 minutos, é triste. 

Ainda na vertente de cenas de ação, Onah não sabe como dirigir uma simples sequência de luta, pois além de balançar muito a camêra e realizar cortes grosseiros na maioria das acrobacias, ele não transparece nenhuma emoção ou ameaça.

Um caso perceptível disso são os breves embates com Sidewinder (Giancarlo Esposito) e Sam, pois são jogados de graça na trama e não há nenhum motivo aparente de terem escalado alguém com o porte do veterano, para este papel. 

Inclusive, o próprio Esposito foi nitidamente jogado na trama, pois a maior parte de suas cenas foram excluídas do corte final, uma vez que a produção foi refeita várias vezes. 

Inclusive, essas podem ser perceptíveis por qualquer espectador, pois quase sempre usam um fundo verde para retratá-las, independente do ambiente (seja um jardim, cemitério ou rua), e deixando em foco Mackie e Ford.

“Capitão América: Admirável Mundo Novo” é mais um caso de produção da Marvel Studios que ninguém pediu por sua existência, mas que por conta do fiasco da fase 4, o gosto amargo vai permanecer por um tempo ainda. 



Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.


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