Crítica | Um Completo Desconhecido - Engenharia do Cinema

Indicado em oito categorias do Oscar, “Um Completo Desconhecido” simplesmente entrou para a premiação por conta do excelente lobby feito pela Disney.
Mesmo que Timothée Chalamet convença desde o primeiro segundo como Bob Dylan, estamos falando de uma obra concebida única e exclusivamente para os fãs do cantor.
Baseado no livro de Elijah Wald, a história acompanha da carreira de Dylan durante boa parte de sua juventude, quando chegou em uma Nova York e foi notado pelo cantor Pete Seeger (Edward Norton), ao mesmo tempo vivia um romance com a ativista Sylvie Russo (Ellen Fanning) e a cantora Joan Baez (Monica Barbaro).
O roteiro de James Mangold (que também cuida da direção) e Jay Cocks não se preocupam em explicar quem era Bob Dylan, muito menos as pessoas ao seu redor. Por isso, é necessário de antemão saber o básico da história do músico, antes de encarar a obra.
Com exceção de Johnny Cash (que teve a cinebiografia dirigida pelo próprio Mangold), nomes como Pete Seeger, Joan Baez e Woody Guthrie, podem causar um breve conflito mental em quem não é deste universo.
Diferente de produções como “Bohemian Rhapsody”, “Rocketman” e até mesmo “Johnny e June”, não estamos falando de uma cinebiografia chapa branca, mas uma produção feita para os fãs do músico.
Conhecido por sua excentricidade e maluquices, Chalamet consegue transmitir isso com clareza desde os primeiros segundos em cena. Só que o grande porém, é que Mangold se prende, e muito, aos conflitos amorosos do músico entre Sylvie e Joan.
Embora as atuações de Fanning (cuja personagem é fictícia e uma junção de algumas ex-namoradas do músico) e Barbaro representem um verdadeiro contraste entre as fases do músico, pois enquanto a primeira beire seu lado ativista e político, a segunda é mais voltada para o universo da música em si.
Um claro exemplo disso, é a inserção de arcos onde mostram Dylan diante de cenários delicados nos EUA como a Crise dos Misseis em Cuba e o assassinato de John F. Kennedy, e como ele usufruiu destes cenários para compor as suas músicas.
Ao mesmo tempo, nota-se que por mais que seja um filme voltado para fãs, ele não chega a ser faixa branca, pois nota-se que ele na mesma maneira que ele acertava nos palcos, errava na vida.
“Um Completo Desconhecido” é uma cinebiografia plausível sobre Bob Dylan, mas consegue ser mais pé no chão que o mediano “Não Estou Lá”.
