Crítica | The Electric State - Engenharia do Cinema

publicado em:24/03/25 5:22 PM por: Gabriel Fernandes CríticasFilmesNetflixTexto

Com um orçamento de US$ 320 milhões, “The Electric State” foi vendido como o título mais caro da história da Netflix. Sem mais detalhes revelados, a segunda parte da estratégia de marketing optou por divulgar a presença de Millie Bobby Brown e Chris Pratt como protagonistas, sob a direção dos irmãos Anthony e Joe Russo (“Vingadores: Ultimato”).

Só que os roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely (que também escreveram o terceiro e o quarto ‘Vingadores’) acreditavam que esses fatores fossem suficientes para que o título fosse comercializado, uma vez que o texto sequer explora, de forma plausível, os personagens, muito menos procura estabelecer uma conexão com o espectador.

Baseado no livro de Simon Stålenhag, a história se passa em um futuro distópico no qual os robôs entraram em conflito com os humanos, mas acabam perdendo após a tecnologia superior se mostrar mais imbatível.

Nesse cenário, acompanhamos a adolescente Michelle (Brown), que um dia é surpreendida pela presença de um robô que diz ser seu falecido irmão. Então ela começa uma jornada para tentar encontrá-lo, junto da inusitada companhia de Keats (Pratt).

É inegável que visualmente a produção é impecável. Seja nos efeitos visuais, nos designs de produção e ambientação. Como estamos falando de um dos filmes mais caros da história, era esperado que, no mínimo, o roteiro tivesse um acabamento mais refinado.

Além do visual impecável, os produtores optaram por chamar nomes famosos, como Stanley Tucci, Giancarlo Esposito, Jason Alexander, Ke Huy Quan, Colman Domingo, Anthony Mackie, Brian Cox e Woody Harrelson, acreditando que quem admira o trabalho desses atores, voltariam sua atenção para conferir ao título.

Para começar, a história claramente bebeu, e muito, de títulos como ‘Avatar’ e ‘A.I. – Inteligência Artificial’ ao buscar referências para conduzir sua narrativa. Só que em momento algum ligamos para os personagens, muito menos compramos suas motivações.

Michelle e Keats são simplesmente atirados ao espectador, e devemos aceitar a motivação da primeira apenas pelo fato de ela ser órfã e ter admirado o irmão após uma prova no prólogo do longa. Sim, é exatamente isso que acontece. Enquanto o segundo surge do nada e “amadurece”, depois aparece com o cabelo cortado.

O mesmo pode-se dizer dos coadjuvantes, cujos intérpretes aceitaram por amizade com os irmãos Russo ou por conta de algum contrato com a Netflix.

“The Electric State” é mais um sinal de que a Netflix ainda tem se perceber que não precisa gastar milhões em uma única produção, para conseguir gerar interesse em seus assinantes.



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Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.


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