Crítica | Thunderbolts* - Engenharia do Cinema

publicado em:4/05/25 4:45 PM por: Gabriel Fernandes CríticasNos CinemasTexto

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Depois de “Capitão América – Admirável Mundo Novo” mostrar que a Marvel Studios estava totalmente perdida em seu estilo marcante, “Thunderbolts*” chega aos cinemas como um desfibrilador em um estúdio que estava respirando por aparelhos.

Após descobrir que uma missão dada por Valentina (Julia Louis-Dreyfus) era, na verdade, um plano para assassiná-los, John Walker (Wyatt Russell), Ava (Hannah John-Kamen), Yelena Belova (Florence Pugh) e Alexei (David Harbour) resolvem partir em uma jornada de vingança. Só que eles não esperavam encontrar pelo caminho o misterioso Bob (Lewis Pullman), que pode ser ou não um aliado.

Ao aproveitar elementos que já funcionaram em títulos como “Capitão América – Soldado Invernal” e no primeiro “Vingadores” (cujas referências são nítidas e citadas), o diretor Jake Schreier se apoia em sua experiência com o lado humano em séries como “Kidding” (estrelada por Jim Carrey) e “Treta”, e a utiliza para trazer mais humanidade à trama.

Seja ao retratar a depressão e a tristeza de Yelena, que passou a viver uma vida solitária nos últimos anos, ou ao abordar as inseguranças de Bob, conseguimos facilmente estabelecer uma conexão com os personagens. A inserção de diálogos que revelam como ela ainda sente a necessidade da presença do pai, Alexei, torna isso ainda mais evidente.

Vide a sequência de abertura, que não só comprova o talento de Pugh, como também demonstra sua habilidade em equilibrar drama e ação simultaneamente. Sentimos seu lado humano, ao mesmo tempo que ela consegue enfrentar e derrubar um exército fortemente armado.

O mesmo pode-se dizer de Lewis Pullman, que pegou um personagem bastante complexo para retratar e, assim como Pugh, consegue transmitir o peso de sua caracterização. Sem ambos, provavelmente a produção teria perdido, e muito, sua qualidade.

Ao contrário de muitas outras produções do gênero, esses momentos não são interrompidos por piadas fora de hora. Em vez disso, o humor surge como um coadjuvante pontual em sequências já projetadas para ter esse tom.

Um exemplo é o primeiro encontro do grupo com Bucky (Sebastian Stan). A cena já é cômica por conta dos diálogos de Alexei e, ao ser mesclada com as tomadas de ação, os risos funcionam como um tempero.

Mesmo que se pareça mais um clichê habitual do estúdio, os últimos 30 minutos optam por colocar o espectador em um cenário de reflexão. Sem entrar no mérito de spoilers, há uma cena no mesmo padrão de Sam e Ross (na versão do Hulk Vermelho), que não só é melhor, como também bem executada e plausível em suas decisões.

Logo, nos pegamos refletindo sobre os impactos da depressão e como, às vezes, uma atitude simples e um diálogo otimista podem ser plausíveis em momentos de crise.

“Thunderbolts*” é um sinal positivo de que a Marvel ainda é capaz de entregar bons projetos, desde que não comece a tentar conquistar um público que não é o seu.

Obs: As duas cenas pós-créditos são um exemplo de, quando a Marvel quer conquistar seu público, eles conseguem.



Engenheiro de Computação, Jornalista, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.


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