Crítica - Hollywood (1ª Temporada) - Engenharia do Cinema
Essa série era uma das mais aguardadas pelos cinéfilos de plantão, neste ano de 2020. Criada por Ryan Murphy (“American Horror Story”), ela tem como foco uma trama que procura homenagear a época de “Era do Ouro de Hollywood”, onde nasceram grandes nomes do cinema. Porém já aviso de antemão que apesar de usar alguns cenários do recente “Era Uma Vez em… Hollywood”, a trama é bem diferente do longa de Quentin Tarantino.
Dividido em sete episódios, “Hollywood” acompanha o ex-combatente da Segunda Guerra Mundial, Jack Castello (David Corenswet) que sonha em ser um renomado ator na terra do cinema. Para isso ele acaba se envolvendo em diversas desventuras pela cidade, ao mesmo tempo que os executivos dos estúdios ACE Pictures, começam uma batalha para lançarem o longa “Peg”, cuja produção quebrará os padrões raciais da época.
Para começo de conversa vemos que em um primeiro momento o roteiro de Ian Brennan e Ryan Murphy procura fazer o espectador comprar aquele universo. Com toques remetentes a série “Glee”, é fácil reconhecer algumas homenagens e situações que realmente ocorreram na história do cinema. Como a participação das grandes personalidades da história cinematográfica como Rock Hudson (vencedor do Oscar por “Assim Caminha a Humanidade”), Hattie McDaniel (primeira atriz negra a vencer um Oscar, por “E O Vento Levou…”) e Anna May Wong (a primeira atriz de ascendência asiática a participar de filmes estadunidenses). Interpretados por Jake Picking, Queen Latifah e Michelle Krusiec, respectivamente, você vê o grau de orgulho em assumir estes mantos, através suas perspectiveis naturalidades.
Mas o por questões dramáticas e inexplicáveis, os três acabaram tendo sua trajetória completamente distorcida para fazer jus ao pensamento sociopolítico da atualidade. No contexto que se passa a série, a atitude acaba gerando um verdadeiro desserviço, ao invés usar a ótima situação para transpor os fatos (não vou adentrar mais, para não dar spoilers).
Em outros pontos, o roteiro conseguiu retratar muito bem como era a situação de dentro dos estúdios, e como eles tinham medo em arriscar determinados projetos, assim como os famosos “testes de sofá” e a facilidade para diretores e executivos conseguirem colocar amigos e parentes dentro da produções de filmes, mesmo sem quaisquer experiências.
Apesar de ter um elenco muito bom e operante em suas funções, o destaque acaba decaindo em cima de Jim Parsons (conhecido como Sheldon Cooper de “The Big Bang Theory”), que interpreta um inescrupuloso agente de atores. Em seu primeiro vilão na carreira, ele consegue fazer o tipico personagem no qual “nós adoramos ele, mas também o odiamos”. Não duvido que acabe roubando a cena também na época de premiações, em 2021.
Outro ponto positivo é o trabalhoso design de produção e figurino, que procurou sempre colocar o glamour daquela época em destaque, assim como os cenários e locais que a série se passa (principalmente o fato da narrativa sempre deixar clara que os maiores custos vão para estas áreas).
“Hollywood” é um verdadeiro retrato resumido do que era a Era do Ouro, mas falhou em mesclar a realidade com a ficção em alguns pontos.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.
Parabéns garoto, estamos acompanhando todosvesses comentários, irei assistir essa série, ainda mais ser a indicação sua, beijão no teu coração, fica com DEUS