Na manhã de 07 de maio, ocorreu a primeira coletiva de imprensa da HBO via vídeo (alternativa escolhida devido a pandemia do COVID-19), onde todos tivemos que participar desta através da plataforma solicitada pelo estúdio. A série em questão é “Hard”, cuja estreia ocorrerá no dia 17 de maio, e é o novo projeto do diretor Rodrigo Meirelles para o canal (após “Psi”), e um dos vários novos seriados brasileiros prometidos para este ano pela própria HBO.

Além do citado, também estavam presentes os atores Natália Lage (Sofia, na foto abaixo), Denise Del Vecchio (Margot), Martha Nowill (Lucia), Julio Machado (Marcello), Fernando Alves Pinto (Pierre), o produtor Fabiano Gullan (“Bingo O Rei das Manhãs”) e o Vice-Presidente Corporativo de Produções Originais da HBO Latin America, Roberto Rios.

O seriado conta a história de Sofia (Lage), que após ficar viúva de forma inesperada, acaba descobrindo que seu marido era dono de uma produtora de filmes pornográficos. Indo contra seus ideias, ela começa a assumir o trabalho inusitado do marido.

Em um clima bastante descontraído e profissional, os assuntos abordados foram os mais diversos. Quem abriu a conversa foi o próprio Rios, que abrangeu sobre o próprio universo da série e como a produção teve de trabalhar a questão da adaptação original francesa para a brasileira. “Nós queríamos fazer este projeto, desde quando conhecemos a série original francesa. Após sentar com o Fabiano e o Caio, reescrevendo e conversando sobre a adaptação brasileira, vimos que acabamos mudando muitas das coisas originais. Nós queríamos fazer algo autentico e genuíno.” Ele ainda não poupou elogios a atriz Natália Laje (que faz sua segunda série para a HBO, após “Psi”). “Nós fizemos o teste com ela, e pensei ‘engraçado, ela parece muito aquela atriz que estava fazendo ‘Psi’! Ela ficou tão diferente nas duas coisas, e foi tão generosa com a gente, na hora de trabalhar’.

Questionamos o diretor Rodrigo Meirelles sobre seu embasamento e inspirações para conceber a série. Fã de “Boogie Nights”, ele disse que o clássico de Paul Thomas Anderson fez parte da construção de sua narrativa. “O primeiro embasamento é o roteiro. Recebi o convite da HBO e da Gullani pro projeto, então peguei aquele para ler e descobrir do que se tratava. O plano de fundo é a pornografia, e como estou na faixa dos 40 anos a minha referencia foi o ‘Boogie Nights’. O Paul Thomas Anderson com este filme marcou a minha geração, há 20 anos atrás. Eu tentei não fazer uma nova versão deste, mas algo anterior à pornografia em si.”

Ele também salientou o quão eles tiveram de adaptar a personagem Sofia para a versão brasileira, e foi muito complexo o processo. “Estamos falando de uma protagonista mulher, que irá viver uma grande transformação, saindo de uma queda repentina na vida. Foi deste ponto que partimos nossa construção. Foi ai que partimos para trazer isso pra dentro do nosso universo, e tínhamos de escolher onde colocaríamos ela e ‘quem seria a nossa Sofia?’. A Sofia francesa vivia a realidade dela, já a nossa foi colocada dentro de uma classe média, um pouco acima do padrão daquela, dando um contraste maior. A grande questão da direção era como íamos explorar estes dois universos, da classe média e da pornografia. Através da direção de arte e outros detalhes da equipe, foram criados dois universos distintos, para haver esse choque de realidades maior ainda.” Completou.

Na criação de Sofia, Natália alegou que teve de sempre dosar ambos os universos que a personagem vive (pornografia e da família), seja na emoção ou na cabeça. “Tivemos a preparação artística, e de uma determinada filmografia deste universo, os atores que trabalham dentro da Sofix [produtora pornográfica fictícia da série] tiveram contato com atores pornos reais. A principio foi essa aproximação, e a Sofia me exigiu muito, pois ela possui uma curva muito grande. Ela passou por diversas situações que vão movimentando mais ela adentro deste universo, sempre com dois pensamentos onde a cabeça dela vai para um lado e a emoção para outro. O que é muito desgastante, pois é uma atenção muito grande quando você vive e interpreta isso. Tivemos 72 diárias, o que é algo muito complicado, devido a quantidade de pessoas rodeando o set diariamente.”

Em sua terceira série para a HBO (após “O Hipnotizador” e “A Vida Secreta dos Casais”), questionamos o ator Fernando Alves Pinto sobre quais trabalhos ele teve na hora de conceber o seu personagem em “Hard”, Pierre, que ele define como um “presente”. “Ele é um pornografo que cresceu se divertindo no meio, e é algo bem fácil. Desde pequeno quando olhava as revistas pornográficas do irmão mais velho, do Pai. Se você não entra com uma visão mais doente, realmente pode ser mais divertida. O Pierre foi um presente muito bom, pois é um universo divertido e a maneira como a produção colocou a gente para se conhecer. A preparação de elenco da Fernanda, foi maravilhosa e de repente nos víamos apaixonados [risos]. O grande desafio foi o fio da meada do caricato, do engraçado e do sério. Porque era muito fácil você cair nestes esteriótipos. Ele era machista natural, e você achar o naturalismo nisso foi trabalhoso.”

Já em relação aos outros personagens na emissora, ele não nega que também foram fantásticos. “Em comparação aos outros trabalhos na HBO, eles são completamente diferentes. O personagem Jonas Barteli de “A Vida dos Casais”, ele aparecia pouco mas era ‘o machista’ e simplesmente estava se dando bem em cima da mulher que trabalhava. Ele era o ‘cara da grana’. Já o pianista Morton (adorava muito esse nome), de “O Hipnotizador” era outro universo completamente diferente. Tive sorte em interpretar estes personagens, pois quando quis ser ator, sempre me inspirei no Peter Sellers, que sempre fazia caracteres completamente diferentes.” Completou.

Lembrando que o seriado “Hard” estreia neste domingo, 17 de maio, às 23hrs na HBO. Também estará disponível no serviço streaming HBO GO.

Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Critico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhe