Crítica - Desobediência - Engenharia do Cinema
Longas com temática LGBT tem feito um certo alarde nos últimos anos, devido a vitória de “Moonlight – Sob a Luz do Luar” como melhor filme no Oscar de 2017. Mas dentre essa nova leva, depois dos ótimos “Me Chame Pelo Seu Nome” e “Com Amor, Simon“, chega agora a vez das mulheres com a adaptação do livro de Naomi Alderman, “Desobediência“.
A história tem início com o falecimento de um importante Rabino, fazendo com que sua filha Ronit Krushka (Rachel Weisz) volte a sua cidade natal. Lá ela reencontra Esti (Ranchel McAdams), uma amiga de infância. Aos poucos um sentimento que havia dentre as duas começa a renascer, enquanto elas tem de lidar com diversas questões conservadoras da sociedade judaica.
A direção de Sebastián Lelio (que também assina o roteiro com Rebecca Lenkiewicz) procura estabelecer uma narrativa didática sobre o judaísmo, por mais “doidos” que o comportamento deles possa parecer (eles possuem horário e dia certo para sexo, rezar, realizarem determinadas atividades comuns e etc). Mas, em momento algum a religião é transformada como um “vilão” em torno do comportamento das protagonistas (apesar de achar que isso deveria ter sido melhor explorado).
Ambas possuem uma atuação ótima, sendo que o destaque decai em cima de McAdams, pois Lelio procura focar exatamente em suas expressões e seu medo e insegurança de viver naquela sociedade conservadora, através de enquadramentos em seu rosto que são intercalados dentre takes com o de Weisz.
“Desobediência” não é um novo “Azul é a Cor Mais Quente“, mas sim uma versão mais simplória sobre a temática LGBT, aos quais a intercalação sobre como funciona o judaísmo, na prática, acabam tornando a experiência interessante.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.