Crítica - La Casa de Papel: Parte 3 - Engenharia do Cinema

publicado em:23/07/19 10:00 AM por: Gabriel Fernandes CríticasNetflixSériesTexto

A série “La Casa de Papel” foi uma das mais inesperadas sensações do último ano. Produzida originalmente por uma televisão espanhola, e comprada pela Netflix para distribui-la mundialmente (e a dividiu em duas partes), a mini-série acabou conquistando uma legião de fãs e teve um sucesso inesperado. E de forma surpreendente a mesma anunciou há um ano que haveria uma parte três, mostrando o que aconteceu com eles depois do roubo milionário a casa da moeda da Espanha.

Imagem: IMDB

Nesta terceira parte, temos inicio vendo todos os personagens gozando do estilo de vida pelo mundo, após o sucesso do roubo na casa da moeda. Porém Rio (Miguel Herrán) e Tóquio (Úrsula Corberó) acabam tendo um descuido, e aquele acaba sendo preso. Sem escolha, Tóquio acaba notificando o Professor (Álvaro Morte) sobre o ocorrido e vê que terá de juntar todos os antigos e também arrumar novos parceiros para um outro roubo.

Imagem: IMDB

Não vou adentrar muito sobre os fatos que ocorrem nesta temporada, pois corro risco de dar spoilers sérios. Mas devo confessar que desta vez eles corrigiram alguns erros da antecessora, como o fato de não deixar tudo muito no clima de “novelão mexicano”, e focar mais no “lado Spike Lee” (já que essa série é inspirada no longa “O Plano Perfeito” dirigido pelo próprio). Afinal de contas, agora temos uma crise politica como cenário principal, e os assaltantes dessa vez se mostram envolvidos em uma situação muito mais perigosa do que o comum.

Nessa temporada é deixado claro que os protagonistas são vistos como “heróis” por grande parte do mundo e símbolos de uma resistência (com direito a uma breve cena no Brasil), pois conseguiram combater um sistema que era o estado (não vou adentrar mais sobre isso, pois não quero adentrar em uma discussão política). Mas isso não é jogado constantemente para o espectador, mas sim de forma sucinta nas horas certas.

Não hesito em falar, que nesta temporada os destaques vão para os atores Najwa Nimri e Enrique Arce. A primeira vive a delegada Alicia, que consegue ter a inteligencia tão boa quanto a do Professor, e inclusive Nimri consegue ter um carisma tão bom, que engana até o espectador com sua atuação. É a tipica vilã que adoramos odiar. Já o segundo interpreta mais uma vez o bancário Arthuro, que agora volta como um escritor esbanjando o sucesso por ter “derrotado” os assaltantes da casa da moeda. Sua participação chega a roubar a cena com o humor que o personagem acaba causando, devida tamanhas as bizarrices que ele exerce para aparecer.

E não poderia faltar nessa temporada doses de ação e suspense, e tudo está homeopaticamente colocado. Apesar de algumas coisas já terem sido reutilizadas da temporada antecessora, é valido fazerem isso dentro do contexto da série. E como estamos falando de dois lados que possuem suas “sujeiras” é óbvio que esse fator acaba ajudando para torcemos para o Professor e sua trupe. Essa agora acaba sendo melhor explorada, pois como já estamos bastante familiarizados com eles, só restava pro roteiro explorar suas vidas pessoais, além de mostra-los como assaltantes.

“La Casa de Papel: Parte 3” mostra que a série ainda tem gás para continuar explorando esse grupo de amigos assaltantes, e deixa aberta a porta para mais uma temporada (para raiva dos fãs ávidos por um desfecho digno).

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Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Critico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.



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