Crítica - O Mundo em Caos - Engenharia do Cinema
Facilmente podemos dizer que “O Mundo em Caos“, “Novos Mutantes” e “A Mulher na Janela” (cujo lançamento também foi nesta semana, mas na Netflix) são os filmes mais polêmicos e indecisos em relação ao que seus estúdios iriam fazer com a produção, mesmo estando prontas há alguns anos. No caso deste primeiro, estamos falando de um longa que estava “finalizado” desde 2017, que passou por inúmeras sessões teste e em 2019 teve um novo final filmado pelo diretor Fede Álvarez (mesmo com toda a produção sendo comandada por Doug Liman). Com a reabertura dos cinemas sendo realizadas, a Lionsgate liberou a produção para ser lançada mundialmente.
Imagem: Paris Filmes (Divulgação)
Baseado no livro de Patrick Ness, a história mostra um futuro distópico onde as mulheres não existem mais em nosso planeta e os homens se comunicam através de seus próprios pensamentos. Vivendo em uma pequena sociedade, o jovem Todd (Tom Holland) acaba descobrindo uma nave misteriosa contendo a astronauta Viola (Daisy Ridley). Sem outra escolha, ele tenta protegê-la dos perigos que isso poderá trazer para sua região.
Imagem: Paris Filmes (Divulgação)
Começo destacando que realmente a premissa é muito boa, porém bastante similar com o recente “A Luz no Fim do Mundo” (dirigido por Casey Affleck). Os fãs de games facilmente notarão semelhanças com a narrativa de “Death Stranding” (cujo vilão também é vivido por Mads Mikkelsen), pelos quais alguns ploat-twists e recursos nas batalhas se assemelham bastante com o jogo de Hideo Kojima. Facilmente podemos dizer que Liman e a produção não foram originais em sua concepção, e isso poderá incomodar alguns espectadores. Tanto que eles só pegam a essência e esquecem de abordar algumas explicações dos motivos de tais acontecimentos (tudo soa como picotado e as informações são jogadas em tela).
Isso porque ainda não entrei no mérito das atuações, pelas quais algumas beiram a canastrice como do próprio Mikkelsen e de David Oyelowo (cujo personagem sequer fazia sentido de estar ali). Mas é nítido e triste que Holland e Ridley se esforçam para fazerem jus aos seus papéis e eles se saem bem (inclusive, não consigo pensar em outro ator além de Holland, pra ser o protagonista deste filme).
“O Mundo em Caos” não é tão ruim como falam, mas é uma daquelas ficções que nitidamente se perdem em sua abordagem por conta de problemas nos bastidores. Será facilmente esquecido com o tempo.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.