Crítica - Isolados: Medo do Invisível - Engenharia do Cinema
Não hesito em dizer que esta foi uma das produções mais polêmicas (se não a mais), se tratando em “filmes feitos durante a pandemia”. Devido ao assunto ser tratado de forma um tanto que realista, com toques leves de ficção, foi suficiente para o SAG-AFTRA (conhecido como o famoso sindicato dos atores) não permitir que nenhum de seus membros trabalhassem de alguma forma na produção do filme (cuja nota oficial caiu em poucos dias, após de criada).
Com as gravações de “Isolados: Medo do Invisível” ocorrendo durante a própria quarentena (mas seguindo todas as normas como o recente “Malcolm & Marie“), digamos que por mais que a industria e muitas pessoas tenham feito campanha para boicotar o filme com produção de Michael Bay, estamos falando da primeira obra feita na pandemia e sobre a mesma (e isso é um fato e não tem como ser alterado).
Imagem: Platinum Dunes (Divulgação)
A história se passa em 2022, onde a pandemia do coronavírus não terminou e acabou sendo evoluída para várias até chegar a COVID-22. Com um regime ditatorial acontecendo nas ruas (onde apenas pessoas com identificação e com imunidade poderiam circular livremente) e muitos trancados há tempos em suas casas (sem ter certeza do que realmente está acontecendo), está o entregador Nico (K.J. Apa) que trabalha para diversas pessoas que aderiram ao “fiquem em casa”.
Mas como estamos falando de mais de um personagem, o enredo foca em vários perfis de cidadãos que foram afetados pela situação como a atriz May (Alexandra Daddario), a família de Piper (Demi Moore) que vive totalmente isolada em um condomínio de luxo, o ex-militar cadeirante Dozer (Paul Walter Hauser) e a própria namorada de Nico, Sara (Sofia Carson) que vive com a avó e não abre à porta do seu apartamento por nada.
Imagem: Platinum Dunes (Divulgação)
Já aviso de antemão que estamos falando de uma produção que poderá causar um certo gatilho em algumas pessoas que vem sofrendo muito e já sofreram por conta do contexto da pandemia, por isso já aviso de antemão para passarem longe deste filme. O mesmo pode-se dizer se você não tiver a mente aberta para compreender a mensagem que está sendo dita.
Mas também estamos falando de um projeto que por mais que tenha uma narrativa bastante rasa (afinal, não chega a ser uma obra-prima do cinema), mas que serve como mera reflexão de como o ser humano não está preparado para vivenciar uma situação de pandemia. Mérito do roteiro de Adam Mason (que também assina a direção) e Simon Boyes.
De fato não conseguimos criar aproximação com nenhum dos personagens, mas há possíveis parâmetros que pelo menos remetem a uma situação que chegamos a ver acontecer nesta pandemia (basta dar um Google ou questionar sobre em um grupo de WhatsApp). Outro quesito falho é o quão o enredo simplesmente se esquece de mostrar o comportamento físico de governantes diante da situação, deixando apenas o fator “eles impuseram uma ditadura e foi isso”.
“Isolados: Medo do Invisível” é mais um título pelo qual a indústria fará de tudo para que você não veja, mas como nós humanos somos curiosos por natureza, certamente irá bombar no catálogo da Amazon Prime Video.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.