Crítica - A Menina Que Matou Os Pais/O Menino Que Matou Meus Pais - Engenharia do Cinema

publicado em:23/09/21 1:59 PM por: Gabriel Fernandes Amazon PrimeCríticasFilmesTexto

Quando iriam chegar aos cinemas, os longas sobre o caso Von Richthofen “A Menina Que Matou Os Pais” e “O Menino Que Matou Meus Pais” foram adiados indefinidamente por conta da pandemia do coronavírus. Após diversas incertezas de como e quando eles seriam lançados (afinal o projeto tem como propósito lançar dois filmes, simultaneamente, sobre dois pontos de vista diferentes do mesmo crime), a Amazon adquiriu os direitos para lançar diretamente em sua plataforma do Prime Video.

Imagem: Galeria Distribuidora (Divulgação)

Enquanto “A Menina Que Matou Os Pais” mostra a versão do crime na perspectiva de Daniel Cravinhos (Leonardo Bittencourt), “O Menino Que Matou Meus Pais” é totalmente narrado do ponto de vista de Suzanne von Richthofen (Carla Diaz). Com cerca de 80 minutos, cada filme é contado na mesma ordem, no julgamento destes em 2006, porém com algumas discrepâncias de acordo com a fala do ex-casal de criminosos.

Imagem: Galeria Distribuidora (Divulgação)

Com direção de Mauricio Eça (“Carrossel“), vemos que ele é sútil ao contar as verdades e mentiras em cena, através de algo bastante perceptível aos mais atentos. Quando uma fala do dito cujo soa como falsa, a situação fica totalmente má conduzida por ele e os atores ficam sem expressão alguma (às vezes parece que apenas decoraram os diálogos), tudo soa como forçado ao máximo (como por exemplo, os climas e interações entre às famílias nas primeiras cenas). Mas quando isso não ocorre, chega a assustar em alguns momentos.

E quando me refiro a este último tópico, deixo destacada a atuação de Carla Diaz, que literalmente está em seu melhor papel e sua persona só começa a decair conforme os anos próximos ao crime começam a serem contados (já que acompanhamos a história à partir de três anos antes do ocorrido). A complexidade no olhar frio, sádico e manipulador é perceptível nos dois filmes (principalmente nas tomadas no tribunal). Enquanto Bittencourt acaba sendo ofuscado pelo talento desta (apesar dele estar bom, estamos falando de um espetáculo feito por ela).

Com relação ao roteiro da trama, apesar do recurso no terceiro parágrafo ser válido até certo ponto, faltou mais acidez nas tomadas do tribunal (que ficaram bastante breves, nos dois filmes). Não há cortes constantes para recordar ao espectador que estamos vendo um longa deste tipo (o típico termo “clichê necessário”), e às vezes fica cansativo essa ausência e parece estarmos vendo uma “simulação de caso, no ‘Programa do Ratinho‘”.

Apesar de não ter ido para os cinemas (que certamente a experiência iria entrar para a história do cinema nacional), os filmes sobre o caso de Suzanne von Richthofen abre um leque maior para que mais tramas do gênero sejam abordadas da mesma maneira, pela nossa dramaturgia.

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Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Crítico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.



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