Crítica - 007: Sem Tempo Para Morrer (sem spoilers) - Engenharia do Cinema
Após diversas dúvidas se Daniel Craig voltaria ao manto de James Bond, ele confirmou a informação ainda em meados de 2018. Prestes ao seu último filme como o personagem ser lançado, ele foi um dos primeiros a sofrerem com a pandemia e foi adiado constantemente até agora. Confesso que apesar de ter sido um dos filmes mais longos da história da franquia, posso dizer que “007: Sem Tempo Para Morrer” é também o mais imprevisível e audacioso em seus argumentos.
Imagem: Universal Pictures/MGM (Divulgação)
A história tem início quando Bond descobre o retorno da agência Spectre, e que os próprios planejam um plano muito pior que os mostrados em “Spectre”. Porém, à medida que suas investigações avançam, um novo grupo é descoberto e a vida de todos que ele ama entrará em jogo.
Imagem: Universal Pictures/MGM (Divulgação)
Com roteiro escrito pelo quarteto Neal Purvis, Robert Wade, Cary Joji Fukunaga (que também assina a direção) e Phoebe Waller-Bridge, vemos que o clima é de que Bond não é mais o único protagonista nesta trama. Com participações homeopáticas de atores como Ana de Armas (que vive a agente Paloma, e rouba a cena) e Christoph Waltz (novamente como o vilão Blofeld), é notável que eles foram apresentados nestes arcos da produção com um começo/meio/fim, ou seja, não há pontas soltas para eles. Outra que ganha um destaque maior é Léa Seydoux (a cônjuge de Bond, Madeleine Swann), cuja caracterização não só é mais trabalhada, como o enredo apela mais para seus dramas e medos.
Agora o polêmico papel de Lashana Lynch (que interpreta a “nova agente 007”), confesso que mesmo ela sendo uma ótima atriz, o roteiro não consegue convencer no quesito de “ela está apenas fazendo seu trabalho” e a faz se tornar uma personagem irritante e chata. Pior também é o vilão vivido por Rami Malek, que não só é vergonhoso, como sua presença não assusta (muito menos demonstra ameaça).
Em relação às cenas de ação, é notório que Fukunaga não gosta de trabalhar com muito CGI, resultando em ótimas cenas de ação envolvendo carros, aviões, tiros, explosões e pancadaria (mas muita mesmo). Elas só são apreciadas ao máximo, nunca sendo mescladas com conversas, arcos dramáticos e alívios cômicos (que quase não há).
“007: Sem Tempo Para Morrer” foi uma emocionante despedida de Bond com a roupagem de Daniel Craig. Que venha o novo agente fã de um bom Martini.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Crítico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.