Crítica - 007: Sem Tempo Para Morrer (com spoilers) - Engenharia do Cinema

publicado em:1/10/21 12:11 PM por: Gabriel Fernandes CríticasTexto

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ESTE ARTIGO ESTÁ REPLETO DE SPOILERS DO FILME “007: SEM TEMPO PARA MORRER”.
CASO NÃO TENHA VISTO, LEIA O TEXTO SEM SPOILERS.

Ao término da sessão de “007: Sem Tempo Para Morrer”, a única coisa que me veio à mente foi a tamanha audácia que os produtores e roteiristas tiveram ao matar o agente James Bond de uma maneira bastante chula (datada às situações que o próprio já viveu em vários filmes da franquia, ser envenenado em uma luta foi a mais fraca). E não só por causa dessa polêmica decisão, provavelmente está se tornará a produção mais comentada de toda a franquia de 007.

Imagem: Universal Pictures/MGM (Divulgação)

Após ter largado o serviço secreto britânico, Bond (Daniel Craig) vive com sua cônjuge Madeleine Swann (Léa Seydoux) aproveitando a vida. Mas após um acidente em uma visita ao túmulo de Vesper (sua antiga paixão, vivida por Eva Green em “007: Cassino Royale”), ele repara que a perigosa organização Spectre está de volta e elaborando um plano ainda pior. Só que o misterioso Lyutsifer Safin (Rami Malek) reaparece e acende uma chama no passado de Madeleine, pela qual se mostra pior que a própria Spectre.

Imagem: Universal Pictures/MGM (Divulgação)

O principal mérito deste roteiro concebido por Neal Purvis, Robert Wade, Cary Joji Fukunaga (que também assina a direção) e Phoebe Waller-Bridge, é se preocupar em fazer um personagem coadjuvante não deixar pontas soltas. Com referências a todos os filmes da era do Bond de Craig (“Cassino Royale”, “Quantum of Solace”, “Skyfall” e “Spectre”), o enredo acaba completando os arcos que possuíam caracteres faltando um desfecho digno e isso é feito em “Sem Tempo Para Morrer”. Tudo leva a crer que realmente estamos vendo um encerramento prestes a acontecer.

Porém como ela foi apresentada no longa antecessor, e seu enredo tecnicamente vem sendo desenvolvido desde então, Madeleine se transforma automaticamente em uma das melhores Bondgirls nestes quase 60 anos da franquia. Além de seu arco ser muito mais detalhado (com direito a uma intrigante cena de sua infância, logo na abertura), ela representa muito bem o lado familiar de Bond, até porque ela também é mãe de sua filha (outro quesito que jamais esperávamos ver na franquia).

Enquanto a citada representa a “Bond Girl família”, a cubana Ana de Armas (que entrou para o filme por recomendação do próprio Craig, após ter trabalhado com ele em “Entre Facas e Segredos”) chega para ser a “Bond Girl raiz”, que não só ajuda o agente em uma determinada missão, como possui bastante beleza e carisma para esta função (inclusive muito bom humor, ao dar um “fora” nas cantadas de Bond).

Alvo de bastante polêmicas desde que foi anunciada, a “nova agente 007” vivida por Lashana Lynch representa o ego “feminista” da produção (às vezes até irritante, em alguns pontos), pois ela representa uma voz que apela por novas mudanças na franquia, enquanto Craig é um ego conservador que ainda transpõe o fato de “não se mexe em uma obra que está perfeita”. Realmente essa discussão funciona muito bem. Os fãs da cineasta Waller-Bridge (criadora e protagonista da série “Fleabag”), repararão que Lynch também funciona como um próprio alter-ego da roteirista (que usou este recurso para estar presente no próprio enredo filme).

Quanto aos vilões, apesar de aparecer bem pouco, o Blofeld de Christoph Waltz continua tendo uma presença ácida e amedrontadora. Realmente ele tem índole para este personagem. Já o mesmo não se pode dizer de Rami Malek como o misterioso Lyutsifer Safin, pois além de ser pessimamente escrito, ele não causa antipatia pelo público, muito menos foi um vilão marcante (ainda mais por se tratar do cara que “matou o James Bond”).

Mesmo comigo abrangendo estes principais pontos do longa, ainda haverão muitas discussões sobre tudo o que vimos em “007: Sem Tempo Para Morrer“, que acabou de se tornar um dos mais polêmicos e enigmáticos filmes do personagem.

Gabriel_Fernandes

Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Crítico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.



A última modificação foi feita em:dezembro 19th, 2021 as 10:47


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