Seria uma hipocrisia minha falar que a apresentadora Hebe Camargo não fez parte da minha vida. Todas as segundas-feiras a noite, no SBT, às 22hrs, era o inicio de seu programa. Com os mais famosos e irreverentes convidados, o programa foi ao ar quase até sua morte em 2012, e ela se consagrou como um dos principais nomes da televisão Brasileira. A acompanhei a partir dos anos 90 (época que nasci) e desde então vejo o quão ela influenciou outros nomes fortes desta, atualmente.

Como ela trabalhou em diversos canais e teve diversas passagens, o longa de Mauricio Farias (que já comandou grande parte da série “A Grande Família”) procura focar apenas na trajetória dela nos anos 80. Interpretada com maestria por Andreia Beltrão, vemos a conturbada passagem dela da Band para o SBT, assim como seus diversos problemas pessoais com o marido Lélio (Marco Ricca) e com as constantes censuras do governo.

Quem cresceu em meados dos anos 80/90 verá as clássicas menções a bandas como “Minudo”, “Ultrage a Rigor” e ao músico Roberto Carlos (foto acima, interpretado por Felipe Rocha). Isso sem contar ao icônico fato de quando Dercy Gonçalves (Stella Miranda) colocou os seios pra fora em seu programa, quando esta tinha mais de 70 anos na época (e é uma das mais engraçadas cenas do filme). Isso o roteiro de Carolina Kotscho (“2 Filhos de Francisco”) exerce muito bem, pois Hebe na televisão é uma nostalgia enorme e isso o filme deixa mais do que claro. Porém ela só peca um pouco no excesso de frases de efeito pra deixar isso notório ao publico, sem a necessidade (afinal, já está tudo sendo mostrado. Não havia necessidade de falar).

Porém não vamos adentrar apenas nisso, pois o longa também mostra como era ela atrás das câmeras. Isso é feito muito bem por Beltrão, que graças a maquiagem, ficou até familiar com a apresentadora. Seus momentos de brigas e discussões com Ricca são realmente impressionantes, datada carga dramática inserida por ambos os atores. Suas brigas na justiça por sua liberdade de expressão e com os diretores da Tv Bandeirantes, também são o ápice da narrativa.

“Hebe: A Estrela do Brasil” não detalha muito bem a trajetória da apresentadora, mas é um recorte digno de uma história que marcou o jeito de fazer televisão no Brasil.

Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Critico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.