Revisando "Pânico 2" - Engenharia do Cinema
Lançado exatamente um ano depois do primeiro, “Pânico 2” foi um tremendo sucesso também rendendo mundialmente US$ 173 milhões (na época ele competiu com grandes filmes como “Titanic” e “007 – O Amanhã Nunca Morre“), com um orçamento de US$ 24 milhões. Mas por aqui sofreu nas mãos do órgão regulador brasileiro (que na época era do governo de Fernando Henrique Cardoso). Como ele era considerado violento demais, o mesmo não permitia ele ser exibido nos cinemas brasileiros.
Após várias discussões entre estes, os produtores do filme e a própria Paris Filmes (que distribuidora do mesmo na época), decidiram fazer um corte “light” do longa para ele ser exibido por aqui. Acabou que ele foi lançado apenas no início de 1999, com menos violência que a versão original (lembrando que hoje já não teríamos mais este problema brusco). Nos EUA o mesmo processo chegou a acontecer, mas em 1997, onde o próprio diretor Wes Craven necessitou apresentar oito cortes diferentes do filme para serem aprovados pelo mesmo órgão de lá.
Trazendo novamente o trio de atores Neve Campbell, Courtney Cox e David Arquette com o diretor Wes Craven e roteirista Kevin Williamson, temos um “mais do mesmo”, só que agora com um orçamento maior e várias possibilidades para serem exploradas por conta disso. Mas o escopo central continuava sendo exatamente o mesmo, e isso acabou mostrando que muito deveria ser driblado, para não fazer o espectador perder o interesse na franquia.
Imagem: Paramount Pictures (Divulgação)
A história começa exatamente alguns anos depois de Sidney (Campbell) ter vivenciado os fatos do primeiro longa, e agora morando em um campus universitário e tentando tocar uma nova vida. Porém, após a onda de assassinatos de Ghostface voltarem a acontecer, e o assassino de sua mãe Cotton Weary (Liev Schreiber) voltar a atormentá-la, ela passa a ter de começar a refletir como ela poderá combater ambos. Além da constante e irritante presença da jornalista Gale Weathers (Cox).
Imagem: Paramount Pictures (Divulgação)
Chega a ser engraçado que por conta de filmes como “Vingadores Ultimato“, a cena de abertura consegue se encaixar perfeitamente em quaisquer lugares do mundo (com o público indo fantasiado, gritando, comemorando as atitudes da protagonista). Na época não era tão normal vivenciar isso, mas hoje em dia é algo que se tornou habitual e a sensação de imersão na história aumenta ainda mais (provando que este filme também continua sendo atual).
Agora partindo pro contexto do filme, o roteiro chega a tentar “brincar” com o fato de Randy (Jamie Kennedy) também ter sido um dos protagonistas da franquia. Porém ele acaba sendo uma das vítimas fatais do Ghostface, e é nesta hora que vemos o legado da cinessérie sendo pertencente apenas para Sidney (Campbell), Gale Weathers (Cox) e Dewey (Arquette), e o trio facilmente consegue nos conquistar devido a naturalidade na relação entre eles (ressaltando, que os dois últimos atores se casaram na época das gravações do longa).
Com mais violência e nomes famosos envolvidos como Sarah Michelle Gellar, Timothy Olyphant e Jerry O’Connell, “Pânico 2” acaba sendo uma espécie de “reboot” do primeiro, mas ainda não mostrava o desgaste da franquia.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.