Lançado nos cinemas franceses no início de 2020, foi um dos longas que mais sofreu em sua distribuição internacional por conta da pandemia. Sendo exibido homeopaticamente em alguns festivais de cinema pelo mundo, o novo longa do cineasta Régis Roinsard foi uma das gratas surpresas que a França trouxe para o Brasil neste ano. Com um roteiro que homenageia as clássicas obras de Agatha Christie, o enredo consegue captar nossa atenção desde seu primórdio até o encerramento.

Imagem: Imovision (Divulgação)

A história mostra um grupo de tradutores de vários cantos do mundo, pelos quais eles são contratados para traduzirem a continuação de um famoso best-seller que está prestes a ser lançado. Trancafiados em um bunker, eles seguem às ordens do diretor da editora, Eric Angstrom (Lambert Wilson) com enorme cuidado. É quando misteriosamente o livro começa a cair aos poucos na internet, os fazendo acreditar que algum dos contratados é responsável pelo ato.

Imagem: Imovision (Divulgação)

Começo destacando o enorme cuidado que a diretora de elenco Mathilde Snodgrass teve em selecionar os envolvidos neste, pois cada um dos atores corresponde a nacionalidade de seus personagens (com exceção de Olga Kurylenko, que é ucraniana e vive uma britânica). Por se tratar de uma produção francesa ela poderia ter apenas escolhido nomes do país, mas optou por pegar profissionais não só por este quesito, mas também por falarem fluentemente francês (o que é nítido da parte de todos, durante boa parte da projeção).

Agora partindo para o roteiro de autoria do próprio Roinsard com Daniel Presley e Romain Compingt, eles conseguem criar uma atmosfera de suspense naquele cenário, onde acabamos desconfiando de tudo e todos durante um primeiro momento. Só que aos poucos vai se revelando a situação, a edição de Loïc Lallemand erra demais no recurso de flashbacks. Isso tirou um pouco da tensão, mistério e chega até a brevemente “confundir” até mesmo o espectador que estava focado na trama (realmente é um quesito bastante difícil de ser trabalhado, neste tipo de filme).

Chegando de forma bastante sigilosa aos cinemas nacionais, “Os Tradutores” consegue divertir e prender a atenção daqueles que estavam esperando um novo bom suspense.

Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.