Na tarde da última sexta-feira todos foram surpreendidos com a decisão da Warner Media em colocar no HBO Max, uma versão sem palavrões e violência, do longa “Aves de Rapina”. Isso passaria despercebido se essa não entrasse no lugar da edição original, e que a mesma também fosse direcionada para emissoras televisivas e outros serviços. Muitos a classificam como uma atitude de censura, por parte da Warner. Antes de entrar no contexto geral desta situação, vamos nos habituar a este termo.

Pode definir oficialmente que uma obra foi censurada, se a decisão partiu de algum órgão político partidário ou do próprio estado. Como exemplo, vamos pegar a situação dos longas-metragens internacionais que não chegam na China, devido a proibição do próprio estado comunista chinês (que possui uma série de cláusulas, pelas quais eles sempre insistem em falar que não é censura). No caso da produção da DC, ela não se enquadra como “Censura”, pois partiu da própria Warner, por livre e espontânea vontade. Afinal, o produto é dela e a mesma poderá fazer o que quiser com ela, ou seja, o termo certo é “atualização”.

Imagem: Warner Bros Pictures (Divulgação)

A situação realmente bate com algumas outras situações que o próprio estúdio já tomou como a breve remoção de “E O Vento Levou…“, no catálogo do HBO Max, por conta de um artigo esdrúxulo e uma campanha de uma parcela de militantes do politicamente correto. Mas não é apenas esse estúdio que tomou essa decisão, mas a própria Disney já chegou a alterar cenas e diálogos em suas produções, como o traseiro de Daryl Hannah em “Splash” (que foi coberto com cabelo, enquanto todos nós víamos essa cena normalmente na “Sessão da Tarde”.

  A justificativa destas ações sempre são do tipo “isso está sendo feito com o propósito de deixar o conteúdo mais acessível para crianças, e com a sociedade atual”. Isso não teria problemas, se não estivéssemos falando em alterar obras dos anos 60/90 e até mesmo dos anos 30. Realmente o mundo está vivendo uma época bastante chata, onde as opiniões deixaram de ser opiniões e viraram fatos. E estes pensamentos estão querendo literalmente apagar o que já foi mostrado e visto anteriormente, como se uma história não existisse. Quem se lembra que no último ano houve uma campanha para remoção de Donald Trump, no sucedido “Esqueceram de Mim 2“, que está no catálogo do Disney+? Inclusive alguns países como Canadá, aderiram a este pedido.   

“Mas como vou fazer para ver meus filmes, se está acontecendo isso?” Bom, existe algo chamado “mídia física”. Como defensor desta tecnologia, digo que a extinção lenta da mesma (com estúdios como Disney fazendo o mundo ficar dependente do seu próprio streaming, para conferir suas obras) é um simples sinal de que muitas obras simplesmente poderão sumir da face da terra, por conta do politicamente correto. Possuindo filmes como “Aves de Rapina“, em nossas prateleiras, podemos ter a certeza que jamais lidaremos com problemas de “atualização” de determinados filmes nos streamings.

Para encerar este texto reflexivo, apenas deixo a pergunta no ar: você já parou para pensar porque a mídia física ainda é importante?

Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.