Crítica - King's Man: A Origem - Engenharia do Cinema
Sendo realizado durante a compra da Fox pela Disney, “King’s Man: A Origem” é uma produção que claramente sofreu alterações na sua concepção. Inicialmente previsto para chegar aos cinemas em 2019, o filme sofreu vários adiamentos por conta da pandemia e finalmente foi lançado (dois anos depois do previsto). Mesmo sendo dirigido por Matthew Vaughn (que também escreveu o roteiro com Karl Gajdusek), que comandou os dois filmes da cinessérie principal, estamos falando de um spin-off que sequer consegue captar suas origens e explanar o selo diferente e bastante maluco, da franquia “Kingsman”, baseada nas HQs criadas por Mark Millar e Dave Gibbons.
Imagem: 20th Century Studios (Divulgação)
O longa tem início nos primórdios da Primeira Guerra Mundial, onde Orlando Oxford (Ralph Fiennes) junto ao seu fiel parceiro Shola (Djimon Hounsou), realizam diversas missões suicidas pelo mundo. Mas tudo começa a ser testado quando eles têm de encarar o pseudo-vidente Grigori Rasputin (Rhys Ifans), cujos propósitos são totalmente de influenciar as decisões da Europa, durante o cenário de guerra. Para isso eles contam com a ajuda do filho de Orlando, Conrad (Harris Dickinson) e Polly (Gemma Arterton)
Imagem: 20th Century Studios (Divulgação)
Realmente se não tivesse o selo “Kingsman” estampado no título, dificilmente iria assemelhar que estamos falando de uma produção neste universo. Sai o humor negro ácido, cenas de ação memoráveis e participações especiais de luxo, e entra um dramalhão entre Pai e Filho, cenas clichês de filmes de espionagem/guerra e uma história nem um pouco interessante. Se não tivesse este selo, não hesito em dizer também, que não haveria tantos adiamentos e eles seriam direcionados para alguma plataforma de streaming.
Em momento algum criamos afinidades pelos personagens, muito menos conseguimos comprar suas motivações. Em determinados pontos, facilitações narrativas são utilizadas apenas para “inserir” participações que serão “usadas mais para frente”. Tudo acaba soando como um “simples filme se passando na época das guerras”, e inclusive não há um arco que ficará marcado como foi nos antecessores.
“King’s Man: A Origem” só deixa claro que realmente a Disney precisa trabalhar mais afundo as produções do selo Fox, pois não basta fazer um filme por fazer, e sim que mais desejos devem ser aplicados.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.