Crítica - Licorice Pizza - Engenharia do Cinema
Após “Trama Fantasma” ter sido um dos seus projetos mais ecléticos e ao mesmo tempo fortes, o cineasta Paul Thomas Anderson agora opta por uma produção mais simples e que homenageia o cinema dos anos 60 aos 80, em “Licorice Pizza”. Trazendo como protagonistas os estreantes Cooper Hoffman (filho do finado ator e amigo de Anderson, Phillip Seymour Hoffman) e Alana Haim (que é uma cantora estadunidense que estreia como atriz), ele mostra que com um bom roteiro em mãos, consegue desenvolver uma trama ótima com novos atores.
Imagem: Universal Pictures (Divulgação)
A história se passa em meados dos anos 60/70, quando o estudante Gary (Hoffman) começa a tentar conquistar Alana (Haim). Ele tem 15 anos e ela 25, e mesmo com personalidades totalmente diferentes, aquele se vê totalmente apaixonado pela garota, que não liga para ele como um namorado.
Imagem: Universal Pictures (Divulgação)
Anderson faz uma notória homenagem ao cinema dos anos 60 e 70 em vários sentidos. Seja por intermédio de personalidades da época como Jon Peters (Bradley Cooper, em um ótimo e divertido arco), Jack Holden (Sean Penn, que mesmo com uma breve passagem, tem um ótimo momento) e até mesmo George DiCaprio (Pai do ator Leonardo DiCaprio, que faz uma ponta como um vendedor de colchões). Isso sem falar que o próprio ainda referencia, de forma sutil, alguns de seus trabalhos anteriores como “Boogie Nights“, “Embriagado de Amor” e até mesmo “Sangue Negro“.
Ciente que estava com um arco clichê nas mãos, Anderson procura explorar também a personalidade dos protagonistas em cada arco proposto, assim como em diversas situações em que ambos exploram de maneiras diferentes (bem aos moldes do recente “Eduardo e Mônica“). Enquanto Alana consegue se tornar explosiva da água para o vinho, Cooper procura contornar a situação da maneira mais simplória possível (vide a sequência onde ambos têm de lidar com um cliente deles por telefone, que é extremamente hilária).
“Licorice Pizza” acaba sendo uma verdadeira carta de amor de Paul Thomas Anderson para os anos 70, mas uma verdadeira zebrinha no Oscar 2022.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.