Crítica - Respire! - Engenharia do Cinema

publicado em:1/08/22 10:00 AM por: Gabriel Fernandes CríticasNetflixSériesTexto

Essa série é um típico exemplo de que a Netflix realmente não está interessada em exercer um bom conteúdo, e que faz total sentido. É apenas mais uma produção que tem o intuito de vender o quão a “protagonista feminina é melhor do que quaisquer homens que dividem a cena”. “Respire!” tem uma premissa que realmente poderia funcionar, caso os roteiristas tivessem trabalhado melhor as situações colocadas, e não dividir apenas com um mero “porque sim!”. 

Imagem: Netflix (Divulgação)

A história é centrada em Liv (Melissa Barrera), que após perder um voo resolve pagar uma dupla de pilotos para conseguir embarcar o mais rápido possível. Porém, após a aeronave sofrer uma pane, ela acaba caindo em uma floresta e a mesma se torna a única sobrevivente. O que lhe faz ter de agir sozinha, para tentar conseguir ser resgatada.    

Imagem: Netflix (Divulgação)

Chega a ser engraçado, mas o roteiro de Brendan GallMartin Gero Iturri Sosa tenta a todo custo vender que a Liv é uma verdadeira super-heroína e consegue fazer às mil e uma atividades na floresta, mesmo com ela não sendo escoteira ou até ter tido um conhecimento prévio de algumas coisas. Tudo é meramente jogado em cena e ela consegue na maior facilidade de um Rambo ou MacGyver, enquanto os pilotos são vendidos como dois homens burros, ignorantes e malvados (mesmo com Liv também agindo com grosseria com eles). Isso acaba “justificando” a saída deles da forma mais esdrúxula o possível (com um objeto alojado em suas pernas, e uma consequência fatal aleatória por causa disso).

Embora Barrera já tenha mostrado que é uma boa atriz, e consegue dominar a cena sozinha durante boa parte da projeção, a direção da dupla Maggie Kiley e Rebecca Rodriguez (onde cada uma dirige três, dos seis episódios) não consegue captar boa parte da atmosfera claustrofóbica e tensão que Liv passa no meio da floresta. O motivo chega a ser banal, pois isso é quebrado por flashbacks com o passado da personagem e serve apenas para conhecermos mais da mesma. Datado o estilo de narrativa, isso não poderia ser executado, pois estamos falando de uma personagem que está sozinha em uma floresta e a única “ameaça” que o roteiro tem a audácia de criar é um urso “vegano” (não estou brincando) e chuvas homeopáticas.

Respire!” acaba sendo mais uma minissérie da Netflix, que nos faz respirar fundo em cada erro grotesco que é apresentado, pois trata-se de uma narrativa que apenas procura enaltecer uma protagonista genérica.

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Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.



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