Crítica - Pinóquio Por Guilhermo Del Toro - Engenharia do Cinema
Sendo tratado como um grandioso projeto pessoal do cineasta Guilhermo Del Toro, ele tentou levar para as telonas uma versão totalmente inspirada no livro original do conto, que foi escrito por Carlo Collodi (e que foi modificado por Walt Disney, na animação clássica), desde 2007. Após quase ter largado de vez o mesmo, o mesmo acabou sendo bancado pela Netflix, e levou o Oscarizado cineasta mexicano a finalmente tirar tudo do papel. Depois do fiasco que foi a adaptação em live-action da Disney, em setembro deste ano, Del Toro mostra uma versão mais bela do boneco que ganha vida, porém mais depressiva e impactante do que todas já vistas anteriormente.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Nesta história, após Geppetto perder tragicamente seu filho Carlo, ele resolve criar um boneco de madeira que remete ao mesmo. Eis que uma fada aparece e concede o mesmo não só a vida, mas o nome de Pinóquio. Só que este terá não só de aprender como ser um menino comportado, mas também viver em uma Itália dominada pelo governo de Mussolini e um cenário caótico de guerras.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Desde seu prólogo vemos que o roteiro de Del Toro e Patrick McHale, em todo momento tenta deixar o espectador impactado com a história mostrada, pois nitidamente ela pode ser transferida para quaisquer pessoas que já passaram por delicadas situações na vida. A interação entre Geppetto e Carlo, realmente consegue emocionar quaisquer espectadores sensíveis e toda aquela inocência deste é transferida para Pinóquio (que mesmo às vezes sendo irritante, facilmente conseguimos comprar esta versão do mesmo).
Antes tínhamos vários arcos fantasiosos englobados as clássicas passagens do mesmo, mas agora trocamos para situações totalmente realistas, pelas quais ele acaba passando por momentos tensos como escravidão e serviço militar obrigatório, em um cenário repleto de incertezas na Itália (já que você poderia estar em sua casa, e uma bomba atingir a mesma do nada). E Del Toro com Mark Gustafson conseguem transpor toda sensação depressiva e triste que a situação acaba propondo.
E menções honrosas para as dublagens originais de Ewan McGregor (Grilo), David Bradley (Geppetto), Gregory Mann (Pinóquio/Carlo), Cate Blanchett (que dubla o macaco Spazzatura) e Christoph Waltz (Count Volpe), que nitidamente estavam interessados em estar neste projeto (independentemente do cachê).
Com relação ao design de produção, vemos que realmente a equipe teve um enorme cuidado para criar uma atmosfera, que realmente remetia a Itália no final do século 18. Justamente era uma época onde a Igreja Católica e o próprio regime de Mussolini tinham bastante forças no país, e os pequenos detalhes na roupagem dos cenários (como crucifixos e cartazes pró e contra o regime totalitário que estavam acontecendo).
“Pinóquio Por Guilhermo Del Toro“, mostra uma versão totalmente diferente da história clássica, com uma pegada mais séria, depressiva e emocionante. Certamente será reconhecido em várias categorias do Oscar, inclusive como melhor animação.
Compre pela Amazon através de nosso link e já estará ajudando o Engenharia! Clique Aqui.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.