Crítica - Entre Mulheres - Engenharia do Cinema
Entre os vencedores do Oscar 2023, “Entre Mulheres” realmente consegue ser um dos piores longas metragens em vários sentidos. Apesar de ter conseguido conquistar o prêmio de Roteiro Adaptado, a produção escrita e dirigida por Sarah Polley (“Madrugada dos Mortos“) parece falar apenas para o público feminino e ativista, esquecendo de passar sua mensagem para o espectador como um todo.
Imagem: Universal Pictures (Divulgação)
Baseado no livro de Miriam Toews, a história gira em torno de uma aldeia com seguidores da religião Menonita e vivem de forma isolada, em pleno ano de 2010. Cansadas dos abusos e agressões dos homens do local (que chegavam até mesmo a estuprar aquelas, e geravam seus filhos), elas resolvem se unir para discutir se devem enfrentá-los, ir embora ou ficar na mesma situação.
Imagem: Universal Pictures (Divulgação)
Para se conseguir ter uma intimidade e emoção em um filme dramático, é necessário fazer um parâmetro com o público, como todo. E não existe um arco convincente e que transpareça isso nesta obra. Em momento nenhum o espectador liga para a situação apresentada, muito menos para as personagens relatando situações degradantes que estavam passando. Isso só vai funcionar se você for um ativista ou já ter vivenciado situações similares.
Ressalvo que o descuido é mais por parte da própria Polley, que realmente fez a obra pensando em exercer uma mensagem para aqueles que já lutam pela causa, ao invés de tentar vender a própria para aqueles que desconhecem algumas situações (por incrível que pareça).
E é triste ver isso acontecer, pois o elenco conta com bons nomes como Rooney Mara, Claire Foy, Frances McDormand (estas duas últimas estão bastante apagadas), Jessie Buckley (que realmente está se prendendo em filmes desta temática) e Ben Whishaw (que está genérico demais). Eles conduzem bem as atuações, dentro das pequenas brechas. Mas não existe um destaque (quando neste tipo de história, deveria haver), muito menos uma personagem central (apesar da direção forçar demais a personagem de Mara, Ona)
“Entre Mulheres” é um filme feito para ganhar o Oscar e realmente conseguiu cumprir seu papel. Mas facilmente será esquecido nos próximos meses.