Crítica - O Urso do Pó Branco - Engenharia do Cinema
Há tempos que o cinema trash não dava as caras nas telonas, e não hesito em dizer que “O Urso do Pó Branco” foi o retorno triunfal do gênero. Com uma premissa totalmente inusitada (e que chama a atenção da maioria dos espectadores), o longa é incrivelmente inspirado em fatos reais e serviu como base para criar este enredo (que mescla os estilos de clássicos como “Piranha” e “A Bolha Assassina“). Porém, a falta de habilidade da atriz Elizabeth Banks como diretora (que já havia estampado N erros no recente “As Panteras”), prejudicaram algumas sequências que poderiam ter sido melhor executadas (uma vez que estamos falando de um filme com censura 18 anos).
Imagem: Universal Pictures (Divulgação)
A história se passa em pleno anos 80, onde após um carregamento de cocaína cair esporadicamente em uma floresta, o mesmo passa a ser ingerido por um urso. Isso não apenas lhe transforma em um viciado, como também desperta no mesmo uma ira tremenda por mais droga, desencadeando uma onda de mortes brutais.
Imagem: Universal Pictures (Divulgação)
Embora o interesse central seja vermos o próprio urso se drogando e causando o caos, a trama é dividida em três grupos de personagens. O primeiro é uma dupla de traficantes (Alden Ehrenreich e O’Shea Jackson Jr.), que estão indo procurar o carregamento da droga a pedido do chefão e pai de um deles (Ray Liotta, em um dos seus últimos papéis). O segundo é o policial Bob (Isiah Whitlock Jr.) que está na procura destes e por último temos uma mãe (Keri Russell) que está à procura de sua filha (Brooklynn Prince) com um amigo desta (Christian Convery).
Por se tratar de um filme trash, o roteiro de Jimmy Warden (que já tinha escrito os divertidos dois filmes de “A Baba”) não consegue estabelecer um sentido mais profundo ou até mesmo que faça sentido entre as motivações e decisões dos personagens citados. Para se ter uma ideia, em menos de cinco minutos vemos uma cena de luta em um banheiro e duas crianças falando naturalmente sobre usarem drogas (e a bizarrice resulta em vários risos).
Sim, estamos falando sobre um filme de um urso usuário de cocaína. Mas como ele é retratado? Embora o CGI esteja um misto de “bom e ruim” (dependendo do contexto onde o próprio é inserido), ele poderia ser melhor executado na sua inserção da trama, uma vez que ele chega aparecer relativamente menos do que o esperado (e quando surge, resulta em ótimas cenas).
Com uma violência regada em um aspecto cartunesco (resultando em boas risadas), as cenas de ataque tem a sensação que foram feitas porcamente com dois intuitos: falta de conhecimento da própria Banks ao retratar este tipo de contexto e o interesse da Universal em obter uma censura para menores poderem ver o próprio nas telonas (algo que não ocorreu). E uma cena que posso exemplificar isso, é a envolvendo os socorristas na ambulância. Os posicionamentos não transmitem sensações que deveriam, mesmo se tratando de uma obra trash.
“O Urso do Pó Branco” consegue se estabelecer como o retorno triunfal do cinema trash, nas telonas e ainda abre brecha para uma possível franquia. Vamos torcer que seja nas telonas.