Crítica - Querida Alice - Engenharia do Cinema
Quando foi exibido no Festival de Toronto 2022, ficou nítido que o intuito de “Querida Alice” era mostrar o talento dramático de Anna Kendrick (que já foi indicada ao Oscar por “Amor Sem Escalas“, e assina a produção aqui). Por mais que se trate de um tema batido e mostrado exaustivamente em qualquer telenovela ou seriado, o marketing pelas redes foi centrado na atuação desta. Ao conferir o projeto, vemos que ele não apenas apresenta o tema de forma rasteira, como também não tem audácia de ser ácido como outros da mesma temática.
Imagem: Elevation Pictures (Divulgação)
A história gira em torno de Alice (Kendrick), que vive um relacionamento muito tóxico e abusivo com Simon (Charlie Carrick). Ciente disso, suas amigas lhe avisam para passar alguns dias em sua casa de campo e mentir para este sobre sua estadia.
Imagem: Elevation Pictures (Divulgação)
O roteiro assinado por Alanna Francis e Mark Van de Ven, se assemelha e muito a uma história contada por intermédio de uma conversa de Whatsapp, usando o chat GPT (que inclusive alguns roteiristas estão usando, para auxiliar em seus projetos), de tão raso e fraco que é retratado a temática do relacionamento tóxico. Nos dias atuais, é impossível você não conhecer pelo menos uma pessoa que tenha vivido este tipo de relação, com histórias mais difíceis e tensas do que relatada aqui.
Tudo realmente soa tão banal e clichê, que a atuação de Kendrick se resume a fazer caretas, com cara de assustada e muitas vezes sem expressão. E o desinteresse do público acaba sendo uma grande consequência deste ponto (já que para este tipo de produção, deve-se 90% à retratação da protagonista para funcionar).
“Querida Alice” é um filme que nasceu para preencher lacunas de plataformas de streaming, uma vez que não serve para refletir sobre seu foco, que são os relacionamentos tóxicos.