Crítica - A Mãe - Engenharia do Cinema
Não é novidade que a popstar Jennifer Lopez tem acertado na maioria das escolhas dos projetos cinematográficos, pelos quais ela vem se envolvendo. Mesmo com alguns deslizes (vide o recente “Casamento Armado”), ela sabe quais produções realmente irão entreter o público como é o caso deste “A Mãe”. Sendo gravemente afetado pela pandemia (uma vez que a produção e gravações foram adiadas inúmeras vezes), finalmente o mesmo foi disponibilizado pela Netflix em sua plataforma, entregando totalmente o que queríamos: um filme de ação descompromissado, com uma boa protagonista casca-grossa.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Após sofrer um atentado em uma última missão, seguido de um fracasso iminente, uma agente (Lopez) tem de se abster da guarda de sua filha recém nascida, com o intuito dela não ser vítima ou sofrer algum perigo, por conta de sua profissão. Acompanhando de forma distante a rotina desta durante os anos, ela descobre que a mesma está correndo grave perigo por intermédio da mesma quadrilha que lhe atacou quando esta, nasceu. Então ela resolve, por conta própria, proteger a sua filha Zoe (Lucy Paez) que desconhece sua existência.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Nós percebemos que a diretora Niki Caro (do live-action de “Mulan”) é totalmente limitada neste tipo de projeto, quando em meio à um arco dramático ela sabe perfeitamente como deve ser executado (com total enfase nos atores, com zero trilha sonora ao fundo), mas erra quando se trata nas cenas de ação (que são os verdadeiros focos aqui). Nitidamente os vários cortes abruptos são idealizados com o intuito de “esconder” o uso constante de dublês e CGI, em alguns momentos (como na cena onde Paez sobre na garupa da moto de Lopez).
Mas como estamos falando de um filme de ação que não se leva a sério, estes descuidos não acabam prejudicando a experiência do espectador (ao contrário de outros longas do mesmo estilo, lançados pela própria Netflix). Outro fator positivo é o roteiro de Misha Green, Andrea Berloff e Peter Craig conceber a personagem de Lopez como uma verdadeira loba solitária, cujas habilidades militares são gigantes e não hesita em ensinar a sua prole como manejar uma arma, a importância da caça e como sobreviver em situações de risco (inclusive, este arco é uma das melhores coisas da produção).
Mas vale ressaltar que o roteiro também não é muito exigente, e não busca realizar algo dramático ou fugir dos padrões deste tipo de enredo. Um mero exemplo é os vilões vividos por Gael García Bernal e Joseph Fiennes, que são genéricos e só conseguem ser impactantes por conta do texto ter colocado os mesmos, sob situações tensas.
“A Mãe” termina sendo mais um filme de ação que consegue entreter aos fãs do gênero, abrindo o leque para uma nova possível franquia da Netflix.
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