Crítica - Eu, Christiane F. 13 anos, Drogada e Prostituída - Engenharia do Cinema
Durante meados dos anos 90 e 2000, era de lei muitas escolas brasileiras exibirem para os seus alunos “Eu, Christiane F. 13 anos, Drogada e Prostituída“, com o intuito de mostrar o lado negro da vida, que infelizmente muitos adolescentes passam a vivenciar à cada dia.
Sendo totalmente embasado em fatos reais, este longa alemão só teve uma grande notoriedade na época que foi lançado, graças ao envolvimento do músico David Bowie, que não só está presente na trilha sonora, como também é importante na história da vida da protagonista, pelo fato dela ter se drogado pela primeira vez em um show dele, além de ser colecionadora dos vinis do próprio.
Imagem: Popular Filmproduktion (Divulgação)
Inspirado no livro de Kai Hermann e Horst Rieck, a história gira em torno da adolescente Christiane (Natja Brunckhorst), que para conseguir chamar atenção na sua roda de amizades e do garoto por quem está se apaixonando, passa a usar vários tipos de drogas. A situação se complica ainda mais, quando ela começa a realizar loucuras só para usar as mesmas.
Imagem: Popular Filmproduktion (Divulgação)
Nos dias atuais seria impossível quaisquer nacionalidades tentarem fazer uma produção, com tamanha temática e envolvendo menores de 18 anos. O trabalho do cineasta Uli Edel consegue ser ácido, sufocante e ao mesmo tempo, tenso em vários sentidos, por conta das situações retratadas com tamanho realismo, à todo momento.
Seja por intermédio de cada aplicação de drogas de Christiane em seu corpo (que são regadas apenas com o silêncio do momento, e só ouvimos o ambiente como um todo), seu comportamento que a cada dia vai se degradando ainda mais (por conta do vício) e como ela tem de optar ao extremo para suprir seus desejos mais obscuros. E isso vale para vários personagens coadjuvantes, que vão adentrar neste mesmo universo.
O caos consegue ser ainda mais transposto com perfeição, quando em determinado arco vemos que ela e seu namorado (Lothar Chamski) estão tendo uma enorme crise de abstinência em um quarto, e começam a se desgastar apenas para ter de conseguir o mínimo de uma substância ilícita.
“Eu, Christiane F. 13 anos, Drogada e Prostituída” foi realizado há mais de 40 anos, e até hoje se mostra como uma produção atemporal e que deve ser visitada e revisitada quase sempre.