Crítica - Sede Assassina - Engenharia do Cinema
Depois do enorme sucesso que o argentino Damián Szifron realizou com “Relatos Selvagens“, muito se esperou de sua estreia em Hollywood, com o suspense “Sede Assassina“. Porém, apesar de sua direção ser operante, temos um caso de produção que nitidamente sofreu em decorrência de conflitos entre ele e o roteirista Jonathan Wakeham (que é estreante na função, com longas).
Imagem: Diamond Films (Divulgação)
Após o misterioso assassinato de várias pessoas, por intermédio de um atirador assusto, a jovem policial Eleanor (Shailene Woodley) se junta ao agente Lammark (Ben Mendelsohn, que vive outra personificação do personagem Talos, da série “Invasão Secreta”), em uma investigação que promete atingir não só a vida de ambos, mas seus passados mais obscuros.
Imagem: Diamond Films (Divulgação)
No primeiro ato da produção, fica nítido que o roteiro se inspirou fortemente nas obras literárias de Lee Child (criador de “Jack Reacher” e mais precisamente no livro, “O Último Tiro”), e embora não tenhamos um personagem no calibre do citado, a atmosfera de suspense é válida. Mas quando o próprio tenta começar a levar vários debates sobre feminismo, machismo, xenofobia, judaísmo, nazismo e capitalismo, em intermédio com o próprio enredo (até mesmo de forma sútil), os problemas começam a aparecer.
E digo isso com total clareza, como por exemplo uma cena onde Eleanor está jantando na casa de Lammark, e surge um debate totalmente aleatório sobre as benefícios dos EUA para o mundo e bem estar de todos (sim, existe isso e com direto a várias publicidades exercidas indiretamente). Dentro da premissa do enredo, esses debates não fazem sentido algum, e só desvirtuam o foco do espectador, em relação a investigação (que se torna desinteressante).
A situação só não se torna pior, pois Woodley e Mendelsohn são ótimos atores e possuem entrosamento em cena, e embora a situação seja clichê demais em relação a outros filmes com a mesma temática, não conseguimos ter uma melhor aproximação com a dupla (em momento algum nos importamos com suas motivações, e se eles vão sobreviver ao cenário mostrado).
“Sede Assassina” reflete mais um caso onde um cineasta novato em Hollywood, acaba sofrendo com possíveis problemas de bastidores, pelos quais tornam prejudiciais seu resultado final.