Crítica - O Continental do Mundo de John Wick - Engenharia do Cinema
Depois de se tornar uma das franquias originais mais lucrativas dos últimos anos (passando de US$ 1 bilhão na arrecadação mundial), era óbvio que tudo que fosse possível seria tirado do selo de John Wick (personagem vivido por Keanu Reeves). Fora o já confirmado quinto filme, chegou agora ao Prime Video (apesar de ter sido realizado pela Peacock, e ter a distribuição em vários territórios pela própria Amazon) a minissérie “O Continental do Mundo de John Wick“, que mostra a origem do icônico hotel de assassinos do título (onde a maior parte da franquia gira em torno) e como começaram algumas regras e parcerias que vimos nos filmes.
Imagem: Peacock/Prime Video (Divulgação)
Sendo centrada em um jovem Winston Scott (Colin Woodell), vemos como ele se tornou o gerente do hotel, em um cenário de uma Nova York dos anos 70 repleta de problemas culturais, racistas entre outros. Em contraponto, ele terá de enfrentar o atual gerente do local Cormac O’Connor (Mel Gibson), cujas motivações pessoais acabam colocando ambos frente a frente.
Imagem: Peacock/Prime Video (Divulgação)
Com três episódios tendo cerca de 90 minutos cada, é o tipo de produção que facilmente conquistará aqueles que estavam carentes de histórias dentro da franquia (já que nos últimos filmes foram mais ação, do que explicação). Mas quando há uma sequência mais complexa de ação, vemos que os diretores Albert Hughes e Charlotte Brändström procuram inovar em sua execução (tanto que nos primeiros minutos da série, há uma excelente sequência de roubo).
Sempre acompanhadas de uma trilha sonora marcante com músicas que vão de “I Feel Love” da Donna Summer, “Samba Pa Ti” do Santana até “Strange” da banda Wire. Certamente muitas pessoas vão fazer a lista desta série em plataformas de música, bombar. Porém, isso não justifica o fato de que essa atração seja perfeita, pois ela possui vários problemas.
Apesar de mais uma vez acompanhada de uma violência cartunesca, vemos que a essência de John Wick ainda está lá, porém a atração ainda perece de uma figura como Keanu Reeves por trás. Apesar de Mel Gibson estar se divertindo como vilão (e podemos falar que é uma sátira dele mesmo), Woodell não chega aos pés do carisma de Ian McShane (que vive Winston na franquia cinematográfica). Para este tipo de produção dar certo, tem de haver um protagonista marcante, coisa que não houve aqui.
E isso é comprovado quando chegamos ao arco final e sequer nos pegamos ligando para algum personagem ao lado de Winston, muito menos as decisões esdrúxulas do roteiro, em algumas decisões finais (algo que já vimos até mesmo em séries recentes como “Invasão Secreta“). Lembrando que essa atração passou por cinco roteiristas (sendo um deles, apenas como “free lancer”, para dar os famosos pitacos no que já estava pronto).
“O Continental do Mundo de John Wick” tem várias ressalvas em relação a sua premissa, mas consegue ser um ótimo pontapé inicial, para a expansão da franquia de John Wick.