Crítica - A Menina Que Matou os Pais: A Confissão - Engenharia do Cinema
Quando foram lançados em 2021, direto pela plataforma do Prime Video (após o cenário da pandemia ter cancelado sua estreia nos cinemas), os dois longas sobre o caso de Suzane von Richthofen (que tiveram a visão dela e de Daniel Cravinhos, sobre os acontecimentos) foram alvos de muitas críticas de especialistas do assunto e fãs do gênero true crime, pois não foram apresentados os cenários de investigação da polícia, no período entre o assassinato do casal Richthofen e a prisão dos citados.
Cientes disso, os produtores resolveram conceber este “A Menina Que Matou os Pais – A Confissão“, como se fosse não apenas uma espécie de fan-service, mas também um complemento que faltava de uma história que possuía mais para ser explorada. E todos os envolvidos em ambos retornaram, principalmente os roteiristas Ilana Casoy (que participou das investigações na época, e escreveu também o livro base dos filmes) e Raphael Montes.
Imagem: Galeria Distribuidora/Amazon Prime Video (Divulgação)
A história começa exatamente após o crime citado e como Suzanne (Carla Diaz), Daniel (Leonardo Bittencourt) e Christian (Allan Souza Lima) tiveram sentimentos diferentes, diante da situação caótica desenvolvida por eles. Ao mesmo tempo, acompanhamos a investigação da própria Polícia Federal e como tudo realmente levava ao trio.
Imagem: Galeria Distribuidora/Amazon Prime Video (Divulgação)
Ao término deste longa (que possui exatos 95 minutos de projeção), a única sensação é que faltou um planejamento melhor em torno destes três longas, pois tudo poderia facilmente ter sido colocado em um único, mas com uma metragem de 130 minutos (por volta). Não só teria poupado o orçamento, como teria resultado em um bom (e único) filme.
Mais uma vez o show nesta produção é de Carla Diaz, cuja feição transpõe perfeitamente a psicopatia de Suzanne em todos os momentos, tanto que o incomodo que ela acaba causando por sua frieza (principalmente no arco da delegacia, para o primeiro depoimento). É assustador como ela trabalha a questão do olhar, em distintos momentos. Será uma questão de tempo, para ela pegar mais papeis neste nível (até mesmo no mercado internacional).
Porém, quando temos como contraponto a atriz Bárbara Colen (que interpreta a Delegada Helena), a própria acaba sendo ofuscada, devido ao fato dela não ter sido bem escrita e ser apenas a “policial genérica”, uma vez que a própria precisava ter uma presença tão forte quanto Diaz (que estava assustadora).
Agora, a direção de Maurício Eça (que comandou os dois outros longas também) é mais uma vez precária. Uma vez que ele sempre tenta explicar o óbvio em diversas maneiras, e seus enquadramentos para explanar os sentimentos dos personagens (mesmo com a atuação deles, já sendo ótima e não havia necessidade do recurso).
Um exemplo, é quando o Pai dos Cravinhos (Augusto Madeira, em ótima atuação) descobre que os filhos realmente cometeram o ato e caminha pelos corredores da delegacia. Não havia necessidade de colocar uma trilha sonora tensa e uma câmera girando e enquadrada em seu rosto. Apenas deixar a mesma parada e pegar ele caminhando em direção a própria, sem nenhum outro ruído, seria culto, belo e reflexivo.
Mesmo com alguns descuidos, “A Menina Que Matou os Pais – A Confissão” consegue sanar alguns erros e descuidos do original. Mas ainda sim, a falta de planejamento em torno do próprio, acaba tirando um pouco do seu gás no resultado final.