Crítica 2 - Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e Serpentes - Engenharia do Cinema
Depois dos quatro filmes de “Jogos Vorazes” terem rendido U$ 2,9 bilhões de dólares mundialmente, a Lionsgate tratou de começar a explorar o universo que foi criado pela escritora Suzanne Collins. Assim, quando ela lançou o livro “A Cantiga dos Pássaros e Serpentes” (em junho de 2020), que tratava sobre a juventude do Presidente Coriolanus Snow (vivido na saga original por Donald Sutherland), o estúdio fez questão de anunciar que também iria levar a história para os cinemas.
Imagem: Paris Filmes (Divulgação)
Ao contrário do que vimos de Snow nos longas anteriores (pelos quais era um dos principais vilões), nesta história (interpretado agora por Tom Blyth) vemos exatamente quando ele começou a se envolver com os “Jogos Vorazes” e como possuía uma ideia de exercer um tratamento mais humano ao próprio, principalmente quando ele se torna responsável de Lucy Gray (Rachel Zegler).
Imagem: Paris Filmes (Divulgação)
Um dos principais acertos neste projeto, não foi apenas terem chamado novamente o cineasta Francis Lawrence (que já havia dirigido os três últimos longas da saga), como também o roteirista Michael Arndt (responsável pelo roteiro de “Jogos Vorazes: Em Chamas“, que é o melhor até então), que assina a função aqui junto de Michael Lesslie.
A sensação é que o trio sabia a complexidade do universo que tinham nas mãos, e partiram da seguinte premissa “vamos honrar os fãs, mas faremos uma história antológica para os novos surgirem”. Sim, você não precisa conhecer nada desta franquia, para entender este filme (embora existam algumas referências aos anteriores).
Mesmo com um elenco de primeira com nomes como Rachel Zegler, Viola Davis, Peter Dinklage, Jason Schwartzman e Hunter Schafer, não podemos exigir muito da abordagem deles na trama, uma vez que tudo é visto do ponto de vista do próprio Snow.
Porém, enquanto estes apresentam uma enorme carga dramática em cena, assim como o próprio Tom Blyth (uma vez que para este tipo de personagem funcionar, necessita de um trabalho nos olhares em situações dramáticas chaves), Zegler se mostra como a pior coisa neste filme.
Com uma atuação que beira a canastrice (vide sua primeira cena, onde ela é mostrada como a escolhida para ir para os Jogos, representando o Distrito 12), ela só se salva da bomba total, pois possui uma vocal muito boa para músicas (e sua personagem possui muito disso na narrativa). Inclusive, não hesito em dizer que sua personagem conseguiu ser bem executada, apenas por mérito do diretor e roteiristas (inclusive nos pegamos empolgados com ela, no arco dos jogos).
Inclusive, o diretor Francis Lawrence sabe muito bem como trabalhar neste tipo de filme e isso é notado em diversos aspectos. Ele consegue captar a atenção do espectador em uma cena dramática (sem apelar para novelão mexicano barato), de suspense e principalmente ação (sem ficar fazendo cortes aleatórios, para pessoas que não estão vivenciando o mesmo cenário ou outras coisas fora do contexto).
“Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e Serpentes” surpreende positivamente por ter conseguido apostar no que já havia dado certo na saga original.