Crítica - Scott Pilgrim: A Série - Engenharia do Cinema
Lançada em 2004, a HQ de “Scott Pilgrim” conseguiu aos poucos conquistar um nicho de fãs. Com um filme em live-action lançado em 2010, sob o título de “Scott Pilgrim Contra o Mundo“, o elenco continha vários nomes (que na época estavam começando na carreira) como Michael Cera, Mary Elizabeth Winstead, Chris Evans, Brie Larson, Jason Schwartzman, Kieran Culkin, Aubrey Plaza e Anna Kendrick. A direção era assinada por Edgar Wright (“Todo Mundo Quase Morto”), que também foi um dos responsáveis pelo roteiro.
Mesmo sendo um fracasso nas bilheterias, pois custou US$ 60 milhões e rendeu apenas US$ 49 milhões mundialmente, o título ganhou o status de Cult depois que chegou ao formato de mídia física e das várias reprises na televisão.
Em uma empreitada da Netflix em conceber animes de várias franquias populares, o estúdio agora mirou em adaptar o próprio “Scott Pilgrim” (com todo elenco original de volta, mas agora apenas dublando os personagens), mas com um enredo diferente do clássico (que mostrava este combatendo os sete ex-namorados do mal de sua pretendente, Ramona Flowers).
Imagem: Netflix (Divulgação)
A história começa exatamente como nos originais, com Scott (Cera) se apaixonando por Ramona (Winstead). Só que durante um duelo com um dos ex-namorados dela, ele acaba desaparecendo repentinamente. Logo, Ramona se vê em um cenário confuso e nota que terá de visitar seus sete ex-namorados do mal, para poder descobrir onde está Scott.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Dividido em oito episódios com cerca de 25 minutos cada, essa atração realmente engana o espectador em vários momentos (principalmente nos primeiros episódios, que parecia levar para o mesmo caminho do horrendo “He-Man: Mestres do Universo“, que foi feito pela Netflix com o cineasta Kevin Smith). Só que o intuito desta história é explorar ainda mais, personagens que não apareceram quase no longa de 2010 e só tinham mais abordagem nas HQs.
Enquanto no filme, alguns que tinham potencial como Lucas Lee (Chris Evans), Envy Adams (Brie Larson) e Julie Powers (Aubrey Plaza) eram mal abordados, agora eles são apresentados com arcos mais extensos (inclusive, o primeiro é um dos destaques e pelo semblante de Evans, é um personagem que ele queria voltar a interpretar).
Embora fãs mais ferrenhos da história, possam não gostar de algumas decisões, o roteiro de Bryan Lee O’Malley (que é o criador do personagem) e BenDavid Grabinski tem apenas o intuito de também brincar com as várias outras possibilidades para alguns personagens (inclusive, algumas são realmente hilárias).
Mesmo sendo uma produção totalmente voltada para Ramona Flowers, confesso que não houve uma habitual desconstrução dos protagonistas (como é habitual na indústria, nos últimos anos), e isso é outro ponto que deve ser ressaltado. E sim, Scott Pilgrim nunca fugiu do espectro de nerd tímido, mas corajoso.
“Scott Pilgrim: A Série” nitidamente é um exemplo de produção que sabe como explorar algumas possibilidades, além do cenário proposto na obra original.