Crítica - As Aventuras de Poliana: O Filme - Engenharia do Cinema
Sendo um dos maiores sucessos do SBT nos últimos anos, a telenovela “As Aventuras de Poliana” ficou no ar entre 16 de maio de 2018 até 13 de julho de 2020. Com roteiro escrito pela própria Íris Abravanel (esposa de Silvio Santos), a atração foi totalmente inspirada no livro “Poliana” (1913), escrito por Eleanor H. Porter. Depois do hiato, por conta da pandemia, a emissora lançou em maio de 2022, a segunda fase, rotulada como “Poliana Moça” (que também é baseada no livro de Eleanor, do mesmo nome).
Depois de 871 capítulos, a novela finalmente foi encerrada em maio deste ano. Porém, Abravanel e o SBT foram mais audaciosos no encerramento de uma das maiores atrações na história da emissora, e resolveram colocar a personagem nas telonas. “As Aventuras de Poliana: O Filme” foi lançado justamente na época que abre as férias escolares, em meio a vários outros lançamentos e por conta da qualidade totalmente inferior, acaba sendo mais uma bomba do cinema nacional.
Imagem: Warner Bros Pictures (Divulgação)
A história tem início com Poliana (Sophia Valverde) tentando mostrar para o seu Pai (Dalton Vigh) que pode conseguir estudar fora do Brasil, mesmo ainda estando na fase de transição adolescência/adulta. Então, ela resolve se juntar com seus amigos para irem trabalhar em um hotel, no meio de uma floresta paradisíaca. Ao chegarem no local, eles descobrem que tudo não era do jeito que eles pensavam.
Imagem: Warner Bros Pictures (Divulgação)
Desde o princípio o roteiro de Íris Abravanel já deixa claro que não é necessário você ter acompanhado a novela para conseguir entender o andamento da narrativa, uma vez que a própria trama funciona como antológica, dentro do enredo da novela (embora ela, aparentemente, encerre a história da personagem por hora).
Embora a ideia da própria seja entreter apenas crianças com menos de sete anos, o público com uma idade superior e/ou que possui uma vivência básica (principalmente em relação a transição das fases adolescência/adulta), nota que 95% das ideias colocadas para Abravanel na trama, não fazem sentido algum (inclusive, a própria Valverde sabe que aquilo tudo é ridículo). Principalmente, pela maioria dos arcos serem uma reciclagem de clássicos da Disney, mas feita por alunos do primário.
Isso porque ainda não entrei no mérito das atuações, pelas quais grande maioria parecem ter saído de uma esquete do Tiktok ou de algum vídeo aleatório da internet (a cada linha de diálogo, era uma mão que colocava na minha cara, de tamanha vergonha). A única coisa que realmente funciona, é o CGI do robozinho amigo de Poliana, onde mostra que mesmo com um orçamento muito inferior, consegue ser mais real que as últimas obras da Marvel Studios.
O diretor Claudio Boeckel (que já dirigiu famosas novelas da Rede Globo, como “Duas Caras“) já tinha uma bagagem que o deixava como competente, até certo ponto. Mas aqui, como ele tem algumas cenas de ação e até mesmo um tanto complexas (não estou brincando, isso acontece), ele exagera nos cortes bruscos, apenas para não colocar os atores em algum risco (como por exemplo, uma cena de queda da própria Poliana, que possui 10 cortes diferentes, para disfarçar uma queda de Valverde).
“As Aventuras de Poliana: O Filme” não consegue ser um título que honra aquilo que a novela foi para a televisão brasileira, e termina como mais um esquecível filme nacional de 2023.